E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Neste vídeo a gente vai falar sobre a absorção de um dos micronutrientes da dieta, as vitaminas.

Se você quiser saber como os macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) são digeridos e absorvidos no tubo digestório, é só clicar nos cards aqui do vídeo (ou aqui carboidratos, proteínas e lipídios).

Bom, então pra falar sobre a absorção das vitaminas, vale a pena lembrar que a maioria desses micronutrientes são nutrientes essenciais, isto é, não são sintetizados pelo organismo e, portanto, devem ser adquiridos por meio da dieta.

No entanto, algumas vitaminas como por exemplo a vitamina D, podem ser sintetizadas em pequenas quantidades pelo próprio organismo.

A maioria das vitaminas, atuam como cofatores de diversas reações enzimáticas catalisadas pelas enzimas, ou seja, sem as vitaminas essas reações enzimáticas não podem acontecer.

No total, o organismo humano necessita de 13 vitaminas que são classificadas de acordo com a sua solubilidade em água e gordura. Portanto, nós temos as vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis.

Dentre as vitaminas lipossolúveis nós temos as vitaminas A, D, E e K, e cada uma dessas vitaminas, apresenta funções específicas no organismo.

No tubo digestório, como essas vitaminas são lipossolúveis, isto é, são moléculas hidrofóbicas, elas se juntam aos lipídios nas gotas lipídicas da emulsão formada pela agitação do conteúdo estomacal.

Algumas dessas vitaminas lipossolúveis, como a vitamina A, podem estar na sua forma esterificada (isto é, ligada a uma molécula de ácido graxo). Nesse exemplo, nós temos a vitamina A esterificada com uma molécula de ácido graxo de 16 carbonos, o palmitato.

As vitaminas esterificadas, podem ser hidrolisadas no intestino delgado, por ação de enzimas chamadas de esterases ou hidrolases de éster, presentes nas microvilosidades que formam a borda em escova, ou no suco pancreático, como é o caso da enzima colesterol esterase, que tem esse nome pois também hidrolisa o éster de colesterol.

Quando as gotas lipídicas são misturadas com os sais biliares lá no duodeno, forma-se gotas cada vez menores até formarem as micelas mistas, as quais podem transportar os lipídios e as vitaminas lipossolúveis para próximo das microvilosidades da membrana apical dos enterócitos.

Assim como os lipídios, as vitaminas lipossolúveis podem se difundir através da membrana ou serem transportada por proteínas transportadoras específicas presentes nessa membrana apical dos enterócitos.

Uma vez no interior dessas células, as vitaminas lipossolúveis podem seguir pro retículo endoplasmático liso, onde algumas vitaminas podem ser esterificadas, isto é, associadas a moléculas de ácido graxo, formando ésteres de vitaminas.

Esses ésteres de vitaminas, mais as vitaminas lipossolúveis livres e mais os lipídios, se associam as apolipoproteínas, formando os quilomícrons, que como explicado no vídeo anterior, são liberados por exocitose e entram na circulação linfática, que conduz esses quilomícrons, para a circulação sanguínea.

Explicado a absorção das vitaminas lipossolúveis, vamos falar agora sobre a absorção das vitaminas hidrossolúveis.

Assim como as vitaminas lipossolúveis cada uma das vitaminas hidrossolúveis apresenta funções específicas no organismo.

Com relação aos mecanismos de absorção dessas vitaminas, lembrem-se que, diferente das vitaminas lipossolúveis, as vitaminas hidrossolúveis não precisam das micelas mistas pra serem absorvidas, pois elas são solúveis em água, ou seja, elas se solubilizam nas secreções do tudo digestório, ao contrário das vitaminas lipossolúveis que não se solubilizam.

É difícil generalizar os mecanismos de absorção das vitaminas hidrossolúveis, pois a absorção de algumas dessas vitaminas apresenta particularidades importantes.

Talvez a vitamina hidrossolúvel que tem o mecanismo de absorção mais diferente, é a vitamina B12 ou cobalamina.

Uma informação interessante sobre essa vitamina, é que ela é sintetizada apenas por algumas bactérias e, portanto os animais adquirem essa vitamina de forma indireta. Assim, a vitamina B12, só é encontrada em alimentos de origem animal.

Nesses alimentos, a vitamina B12 se encontra associada às proteínas. Mas, no meio ácido do estômago, a pepsina começa a hidrólise das proteínas e isso libera a vitamina B12.

Uma vez livre das proteínas, a vitamina B12 se liga a uma glicoproteína conhecida como haptocorrina ou transcobalamina I, a qual é secretada pelas glândulas gástricas.

Outra glicoproteína, também secretada pelas glândulas gástricas, é o fator intrínseco, o qual se liga a vitamina B12 lá no intestino delgado, onde as enzimas pancreáticas liberam a vitamina B12 da haptocorrina.

Agora, esse complexo fator intrínseco-vitamina B12, segue pelo intestino delgado até o íleo, onde há receptores específicos pro fator intrínseco, na membrana apical dos enterócitos.

Ao se ligar a esses receptores, o fator intrínseco e a vitamina B12 sofrem endocitose, isto é, são internalizados, juntamente com o receptor.

Uma vez no interior dos enterócitos, a vitamina B12 se desliga do fator intrínseco e pode se ligar a proteínas carregadoras específicas (como a transcobalamina II).

Esse complexo, transcobalamina II- vitamina B12, pode deixar os enterócitos por exocitose e assim se difundir para os capilares sanguíneos mais próximos, entrando finalmente na circulação sanguínea.

Uma curiosidade interessante é que, pelo fato da vitamina B12 estar presente apenas nos alimentos de origem animal, pessoas que não comem nenhum alimento derivado de animais, ou seja, os veganos, podem ter deficiência dessa vitamina.

Dentre os sintomas da deficiência da cobalamina podemos citar a anemia megaloblástica (um tipo de anemia caracterizado por glóbulos vermelhos grandes, imaturos e disfuncionais). Esse tipo de anemia também acontece quando há deficiência de vitamina B9 também conhecida como ácido fólico ou folato.

Outros sintomas da deficiência da vitamina B12 incluem anormalidades neurológicas como fadiga, falta de concentração, irritabilidade, entre outros sintomas neurológicos.

Há indivíduos que podem apresentar deficiência do fator intrínseco e, consequentemente, deficiência da vitamina B12. Nesse caso, o indivíduo apresenta um tipo específico de anemia megaloblástica, a anemia perniciosa.

Bom pessoal, aqui nesse vídeo eu apresentei mais detalhes dos mecanismos de absorção da vitamina B12.

Mas, se você quiser mais detalhes sobre a absorção das demais vitaminas hidrossolúveis eu sugiro a leitura desse livro aqui: Rui curi, Joaquim Procópio, Fisiologia básica.

Então resumindo tudo que vimos neste vídeo, lembrem-se que:

• Os mecanismos de absorção das vitaminas lipossolúveis são semelhantes aos mecanismos de absorção dos lipídios.

• As vitaminas hidrossolúveis não necessitam de micelas mistas pra serem absorvidas.

• A vitamina B12 também chamada de cobalamina, apresenta um mecanismo de absorção bastante diferente, que depende da síntese e secreção do fator intrínseco pelas glândulas gástricas.

Bom, se vocês ficaram com alguma dúvida podem deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, blz? A gente se vê num próximo vídeo. Abraço!

Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. Atualmente, é professora de fisiologia humana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a mente criativa por trás do MK Fisiologia.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando fisiologia. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana.