
O QUE É TRANSPORTE MÁXIMO?
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "O QUE É TRANSPORTE MÁXIMO?".
TRANSCRIÇÕESSISTEMA RENAL
Mirian Kurauti
10/11/20246 min read
Um dos primeiros sintomas do Diabetes Mellitus é o aparecimento de formigas na urina do paciente. E isso acontece graças a presença de açúcar ou melhor de glicose na urina, uma condição que a gente chama de glicosúria. Mas a questão é: por que isso pode acontecer nos pacientes com Diabetes Mellitus? A resposta dessa pergunta tá no tema desse vídeo: transporte máximo ou Tm.
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Eu sou Mirian Kurauti, professora, mestre, doutora, e criadora do canal MK Fisiologia, um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Porque como eu sempre digo, fisiologia não precisa ser difícil. Então se você tá precisando entender de verdade a fisiologia, já se inscreve no canal e ative as notificações pra você não perder os próximos vídeos que a gente postar por aqui.
Agora, bora tentar entender o que é transporte máximo ou Tm?
Pra entender esse conceito, a gente precisa lembrar que na membrana das células epiteliais dos túbulos dos néfrons a gente tem várias proteínas transportadoras que realizam o transporte transepitelial de várias moléculas, que podem ser assim reabsorvidas ou secretadas, como vimos nos vídeos anteriores.
Dentre essas proteínas transportadoras nós temos as proteínas canais e as proteínas carreadoras.
Mas quando a gente fala de transporte máximo, a gente tá falando do transporte que acontece através das proteínas carreadoras, pois nessas proteínas a molécula a ser transportada precisa interagir, ou seja, a molécula precisa se ligar em um lugar ou sítio específico da proteína.
Ao se liga nesse sítio, a proteína muda de forma ou muda de conformação e “carrega” a molécula pro outro lado da membrana celular.
A molécula então se desliga desse sítio e é liberada. Quando isso acontece, a proteína muda de novo de conformação e volta pro estado inicial, ficando pronta pra transportar uma outra molécula.
Todo esse processo demora um certo tempo pra acontecer, portanto, o número máximo de moléculas que esse tipo de proteína transportadora consegue transportar, dentro de um intervalo de tempo, é limitado. Ou seja, existe um transporte máximo de moléculas.
Vamos supor que essa proteína transportadora do tipo carreadora presente na membrana apical das células epiteliais do túbulo dos néfrons, consegue transportar no máximo 10 moléculas X que estiverem passando no lúmen desse túbulo dentro de 1 minuto, ou seja, o transporte máximo dessa proteína é de 10 moléculas X por minuto. Então, se passar uma molécula por minuto, ela transporta uma molécula por minuto.
Se passar duas moléculas por minuto, ela transporta duas moléculas por minuto, e assim por diante até chegar na sua capacidade máxima de 10 moléculas por minuto. E aí, se passar 11 moléculas por minuto, essa proteína só vai conseguir transportar 10 moléculas por minuto, e 1 molécula não vai ser transportada pra dentro da célula epitelial, ou seja, 1 molécula X não vai ser reabsorvida e vai ser excretada na urina.
E é exatamente isso que acontece com a glicose em um paciente com diabetes mellitus não tratado. Por exemplo, considerando todos os transportadores de sódio e glicose (SGTL) que tem nas células epiteliais do túbulo proximal dos néfrons, que é onde acontece a reabsorção da glicose, o transporte máximo de todos esses transportadores fica em torno de 375 mg de glicose por minuto, ou seja, enquanto tiver passando de 375 mg de glicose ou menos, a cada minuto lá no túbulo proximal, toda glicose vai ser reabsorvida. Mas, se passar mais de 375 mg de glicose por minuto, toda a glicose que passar a mais desse valor, não vai ser reabsorvida e será excretada na urina.
E é isso que pode acontecer nos pacientes com diabetes mellitus não tratados que apresentam altas concentrações de glicose no plasma.
Observe aqui nesse gráfico que a concentração de glicose no plasma é diretamente proporcional a taxa de filtração glomerular da glicose, ou seja, quanto maior for a glicemia, maior será a quantidade de glicose filtrada e, portanto, maior será a quantidade de glicose que vai passar pelo túbulo proximal por minuto.
Perceba que quando a glicemia tá em torno de 300 mg por 100 ml, ou seja, por decilitro (dl), a quantidade de glicose filtrada é de aproximadamente 375 mg a cada minuto, ou seja, quando a glicemia tá em torno de 300 mg/dl, atinge-se o transporte máximo da glicose no túbulo proximal.
Se a glicemia chegar a mais de trezentos miligramas por decilitro, a quantidade de glicose filtrada por minuto pode ultrapassar o transporte máximo, e aí não dá pra reabsorver mais que isso, e toda glicose acima desse de 375 mg por minuto, vai ser excretada na urina.
Então, repare que depois que se atinge o transporte máximo, a quantidade a mais de glicose filtrada, vai ser excretada na urina, ou seja, a quantidade de glicose filtrada passa a ser diretamente proporcional à quantidade de glicose excretada. Portanto, quanto mais glicose filtrada, mais glicose será excretada na urina.
E isso acontece porque os transportadores de sódio e glicose (SGLT) foram saturados, ou seja, todos estão ocupados, trabalhando na sua capacidade máxima, e não é possível transportar mais glicose, e não é possível reabsorver mais glicose por minuto do que os 375 mg por minuto.
Isso acontece não apenas com o transporte de glicose, mas também com o transporte de qualquer molécula cujo mecanismos de transporte envolve uma proteína transportadora do tipo carreadora, como é o caso transportadores que transportam os aminoácidos filtrados, que tão passando no lúmen do túbulo proximal, para o interior das células epiteliais desse túbulo, ou seja, que fazem a reabsorção de aminoácidos.
Ah e lembre-se que embora a gente tenha focado no transporte máximo de proteínas transportadoras carreadoras que participam da reabsorção de moléculas, esse conceito de transporte máximo também vale pra proteínas transportadoras carreadoras que participam da secreção de moléculas, como é caso das proteínas que participam da secreção de cátions e ânions orgânicos discutidas em um vídeo anterior.
Essas proteínas, participam da secreção de muitas moléculas endógenas, mas também exógenas, como por exemplo vários fármacos. Então se a concentração, de um determinado fármaco no plasma, ultrapassar o transporte máximo, nem tudo vai ser secretado e o que sobrar pode continuar no agindo no organismo. Por isso é importante entender o conceito de transporte máximo quando se estuda o mecanismo de ação da maioria dos fármacos.
Bom então resumindo, transporte máximo, não se esqueça, é a capacidade máxima de transporte que as proteínas transportadoras do tipo carreadoras podem realizar na membrana das células.
E como vimos nesse vídeo, esse conceito é muito importante no estudo da reabsorção e secreção, dois processos que determinam a excreção de várias moléculas na urina.
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Bom, a gente vai ficando por aqui, qualquer dúvida, pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo, abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.



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