TIREOIDE: CALCITONINA

Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "TIREOIDE: CALCITONINA".

TRANSCRIÇÕESSISTEMA ENDÓCRINO

Mirian Kurauti

12/20/20246 min read

E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Eu sou Mirian Kurauti aqui do canal MK Fisiologia e nesse vídeo a gente vai falar sobre mais um hormônio também envolvido na regulação da calcemia e fosfatemia, a calcitonina.

Antes de continuar assistindo esse vídeo, se você ainda não assistiu os vídeos sobre o paratormônio e o calcitriol (a forma ativa da vitamina D) é só clicar no card aqui em cima. Mas se você já estudou o paratormônio e o calcitriol, bora estudar a calcitonina.

A calcitonina é um hormônio sintetizado e secretado pela tireoide, mas não pelas células foliculares da tireoide que sintetizam e secretam os hormônios tireoidianos que a gente falou num vídeo anterior, na verdade a calcitonina é secretada pelas células que ficam entre esses os folículos tireoidianos, as chamadas células parafoliculares ou células C.

Formada por 32 aminoácidos, a calcitonina é um hormônio proteico ou peptídico, e a sua síntese se inicia com a transcrição do gene em RNA mensageiro, o qual deixa o núcleo e pode ser traduzido pelos ribossomos que se associam ao retículo endoplasmático rugoso. A tradução do RNA mensageiro gera a pré-pró-calcitonina que logo é clivada formando a pró-calcitonina.

Durante a passagem pelo complexo de golgi e o empacotamento em vesículas secretoras, a pró-calcitonina sofre mais uma clivagem formando finalmente o hormônio ativo, o qual pode ficar armazenado até que a concentração de cálcio no líquido extracelular aumente.

Então, ao contrário do paratormônio, cuja secreção é estimulada quando a concentração de cálcio no líquido extracelular diminui, a secreção de calcitonina é estimulada quando a concentração desse íon no líquido extracelular aumenta.

Na membrana das células C, encontramos o mesmo receptor ou sensor de cálcio que encontramos nas células principais da paratireoide, isto é, nas células que secretam paratormônio. Mas nas células C, a ativação desse sensor pelas altas concentrações de cálcio no líquido extracelular, provoca a ativação de vias intracelulares que ativam o processo de exocitose, ou seja, ativam o processo de fusão das vesículas secretoras com a membrana das células C, liberando a calcitonina. Uma vez liberada, a calcitonina se difunde até o capilar sanguíneo mais próximo.

Como a calcitonina é um hormônio peptídico, ela é hidrossolúvel e portanto, pode ser transportada livre na circulação sanguínea, por isso seu tempo de meia vida é curto, ficando em torno de 12 min. Ao chegar nas células alvo, a calcitonina pode se ligar e ativar seu receptor que fica localizado na membrana dessas células.

Assim como o receptor de paratormônio, o receptor de calcitonina é um receptor associado à proteína G. Quando a calcitonina se liga e ativa esse receptor, ocorre ativação de proteínas G específicas, estimulando a produção de segundos mensageiros específicos que vão ativar determinadas proteínas efetoras e gerar finalmente uma alteração no funcionamento das células-alvo.

E a pergunta que fica é:

-Quais são as principais células-alvo da calcitonina?

O principal alvo da calcitonina são células localizadas nos ossos.

Vale a pena lembrar que, como vimos em um vídeo anterior, o paratormônio estimula a reabsorção dos ossos por atuar em seus receptores localizados na membrana dos osteoblastos, estimulando essas células a secretar fatores parácrinos que estimulam o amadurecimento e a ativação dos osteoclastos, células que secretam ácidos e enzimas que fazem a digestão da matriz óssea, liberando cálcio e fosfato, que ficam depositados nessa matriz na forma de sais ou cristais de hidroxiapatita.

A calcitonina não apresenta receptores na membrana dos osteoblastos, mas apresentam receptores na membrana dos osteoclastos, e quando ela se liga e ativa esses receptores, ela inibi a atividade dessas células, diminuindo o processo de reabsorção óssea, diminuindo a retirada de cálcio e fosfato depositados na matriz óssea. Ou seja, a calcitonina tem um efeito oposto ao efeito do paratormônio.

Um outro alvo da calcitonina menos importante, são as células tubulares dos rins, células que estão envolvidas com a reabsorção renal de cálcio e fosfato. Nessas células, a calcitonina diminui a reabsorção desses íons, provocando um aumento na excreção de cálcio e fosfato na urina.

Então resumindo os principais efeitos da calcitonina, lembre-se que ela: inibi a reabsorção óssea e inibi a reabsorção renal de cálcio e fosfato, dois efeitos que contribuem pra diminuição desses íons no líquido extracelular.

Agora que a gente já falou sobre os três principais hormônios envolvidos na regulação, principalmente, da calcemia: o paratormônio, o calcitriol e a calcitonina, a gente pode integrar a ação desses três hormônio sobre a regulação da concentração de cálcio no líquido extracelular.

Quando a concentração de cálcio no líquido extracelular diminui, as células principais das paratireoides são estimuladas a secretar paratormônio, que, através de ações diretas nos ossos e nos rins e ações indiretas através do aumento da síntese de calcitriol, faz de tudo pra elevar a concentração de cálcio no líquido extracelular, mantendo a homeostase desse íon.

Ao contrário, quando a concentração desse íon aumenta no líquido extracelular, as células C da tireoide são estimuladas a secretar calcitonina, que através de ações diretas nos ossos e nos rins, faz de tudo pra diminuir a concentração de cálcio no líquido extracelular, mantendo assim a homeostase desse íon.

Embora a calcitonina participe da manutenção da concentração de cálcio no organismo humano, observações clínicas colocam em dúvida a importância desse hormônio no nosso organismo, pois se observa que mesmo com a remoção da tireoide e a consequente redução da capacidade de secretar calcitonina, a regulação da concentração de cálcio não é prejudicada, desde que as paratireoides continuem funcionando.

Ou seja, o paratormônio parece ser muito mais importante na regulação da calcemia do que a calcitonina. Pois falta ou excesso de calcitonina, parece não alterar a calcemia, mas falta ou excesso de paratormônio pode ser fatal, se não tratado. Mas isso a gente deixa pra falar em um outro vídeo.

Bom, resumindo tudo que vimos nesse vídeo, lembre-se que:

  • A calcitonina é secretada em grandes quantidades pelas células C da glândula tireoide, quando as concentrações de cálcio aumentam.

  • Esse hormônio tem como principais ações diminuir a reabsorção óssea e diminuir a reabsorção renal de cálcio e fosfato, diminuindo as concentrações de cálcio e fosfato no líquido extracelular.

  • Embora a calcitonina possa contribuir pra regulação da concentração, principalmente, do cálcio no líquido extracelular, ela não é essencial a vida.

Espero muito que esse vídeo tenha te ajudado de alguma forma. Qualquer dúvida pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo, abraço!

Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.

Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia
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