SISTEMA DE CONDUÇÃO ELÉTRICO DO CORAÇÃO: CONDUÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO

Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "SISTEMA DE CONDUÇÃO ELÉTRICO DO CORAÇÃO: CONDUÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO".

TRANSCRIÇÕESSISTEMA CARDIOVASCULAR

Mirian Kurauti

8/17/20247 min read

E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Eu sou Mirian Kurauti aqui do canal MK Fisiologia, e nesse vídeo a gente vai entender como o potencial de ação gerado no nó sinoatrial se propaga, primeiro pelos átrios e depois pelos ventrículos do coração.

Mas, pra entender como isso acontece, primeiro você precisa entender como o potencial de ação é gerado nas células autoexcitáveis do nó sinoatrial (NSA). Então, se você ainda não assistiu o vídeo anterior, aproveita pra assistir clicando aqui no card (ou aqui).

Se você já assistiu, bora entender como o potencial de ação, gerado no nó sinoatrial (NSA), se propaga, primeiro pelos átrios e depois pelos ventrículos do coração.

Bom, então pra começar, lembre-se que as fibras cardíacas que formam o músculo cardíaco, se associam umas as outras por junções comunicantes (gap junctions) que permitem a propagação célula a célula do potencial de ação gerado no nó sinoatrial (NSA).

Porém, não se esqueça que o músculo cardíaco é dividido em músculo atrial que forma os átrios, e o músculo ventricular que forma os ventrículos, e esses músculos se inserem no esqueleto fibroso do coração que separa esses músculos e impede a propagação do potencial de ação das fibras cardíacas atriais pras fibras cardíacas ventriculares.

-Ué, mas se impede a propagação do potencial de ação dos átrios pros ventrículos, como o potencial de ação gerado no nó sinoatrial (NSA) vai chegar nos ventrículos?

Na verdade, existe um caminho para o potencial de ação chegar nos ventrículos, e esse caminho é formado por células autoexcitáveis ou condutoras que partem do nó atrioventricular (NAV) em direção ao septo interventricular, ou seja, o septo que separa os dois ventrículos, formando o que a gente chama de feixe de His.

Esse feixe então se bifurca em ramos direito e esquerdo, os quais se ramificam formando as fibras de Purkinje, que sobem pela parede dos ventrículos direito e esquerdo.

Em conjunto, essas estruturas formadas por células autoexcitáveis condutoras, formam o que a gente chama de sistema de condução elétrico do coração, o qual é responsável pela propagação do potencial de ação, primeiro pelos átrios e depois pelos ventrículos.

-Mas, como exatamente esse sistema funciona?

Bom, tudo começa quando um potencial de ação é gerado no nó sinoatrial (NSA). Esse potencial de ação se propaga pelas fibras dos átrios com uma velocidade em torno de 0,3 metros/segundos.

Pro potencial de ação chegar mais rápido no átrio esquerdo, algumas fibras conduzem o potencial de ação com maior velocidade em torno de 1 metro/segundo, formando o que a gente chama de banda interatrial, que é como se fosse uma via expressa pro potencial de ação se espalhar mais rápido pelas fibras do átrio esquerdo que tão mais longe do nó sinoatrial (NSA).

Além disso, também tem vias expressas que ligam o nó sinoatrial (NSA) e nó atrioventricular (NAV), as vias internodais, que conduzem o potencial de ação na mesma velocidade que a banda interatrial, ou seja, 1 metro/segundo.

E agora a gente pode parar e pensar:

-Se tem essas vias expressas entre o nó sinoatrial e o nó atrioventricular, é pro potencial de ação chegar bem rápido nos ventrículos, certo?

Mas na verdade não chega assim bem rápido nos ventrículos, e dá tempo do potencial de ação se espalhar primeiro por todo átrio antes de chegar nos ventrículos, sabe por quê?

As células autoexitáveis condutoras do nó atrioventricular (NAV) apresentam a menor velocidade de condução do potencial de ação, em torno de 0,05 metros/segundo.

Essa condução do potencial de ação mais lenta que acontece no nó atrioventricular (NAV), atrasa a chegada do potencial de ação no feixe de His. É graças a esse atraso que os átrios podem se contrair antes dos ventrículos se contraírem.

Quando potencial de ação chega ao feixe de His, ele se propaga rapidamente pelos ramos direito e esquerdo e pelas fibras de Purkinje, as quais apresentam maior velocidade de condução do potencial de ação, em torno de 1 a 4 metros/segundo.

Por isso, o potencial de ação chega primeiro na ponta do coração que a gente chama de ápice, e depois segue para a base do coração. Isso faz com que a contração dos ventrículos aconteça do ápice para a base, onde se encontram a saída paras as artérias pulmonares e aorta.

Dessa forma, deve ficar claro que esse sistema de condução elétrico do coração, é que permiti uma propagação dos potenciais de ação bastante coordenada durante um batimento cardíaco, o que permite, primeiro, a contração dos átrios pra encher os ventrículos de sangue, e depois a contração dos ventrículos, os quais se contraem do ápice pra base do coração, ejetando assim o sangue nas artérias pulmonares e aorta.

Portanto, esse sistema é fundamental pro funcionamento adequado do coração como uma bomba. Isso significa que qualquer falha nesse sistema de geração e condução do potencial de ação, pode reduzir a eficiência do bombeamento de sangue pelo coração.

Um exame muito utilizado na clínica pra avaliar a atividade elétrica do coração é o eletrocardiograma ou ECG. Nesse exame, são colocados alguns eletrodos na superfície do corpo pra registrar as correntes elétricas geradas no coração durante cada batimento cardíaco.

O método clássico do ECG coloca eletrodos nos dois braços e na perna esquerda por convenção. Cada par de eletrodos formam o que chamamos de derivações do ECG que registram diferentes leituras da atividade elétrica do coração, que registram a condução do potencial de ação que se espalha pelo coração.

Por isso é importante lembrar que o ECG não representa um potencial de ação de uma única fibra cardíaca, na verdade ele representa a soma da atividade elétrica de todas as fibras cardíacas que ocorrem durante a propagação de um potencial de ação pelo coração, ou durante um batimento cardíaco.

No registro de cada derivação podemos observar basicamente: Onda P, Ondas Q, R, S (que em conjunto formam o complexo QRS) e a Onda T. Além das ondas, temos segmentos P-R e S-T; e intervalos PR e QT. Cada um desses elementos representa um evento elétrico do coração que acontece durante um batimento cardíaco.

-Como assim?

O batimento cardíaco se inicia com a fase de depolarização do potencial de ação no nó sinoatrial, que rapidamente se espalha por todo o músculo atrial, e essa despolarização dos átrios é representada pela onda P.

O segmento P-Q representa a condução do potencial de ação pelo nó atrioventricular e feixe de His.

As ondas Q, R e S, que formam o complexo QRS, representam a despolarização do músculo ventricular.

O segmento S-T, representa o momento em que os potencias de ação das fibras dos ventrículos estão na fase do platô, onde o cálcio que entra, provoca a contração dessas fibras.

E finalmente, a onda T representa a repolarização de todas as fibras do músculo ventricular.

Assim, podemos concluir que o ECG apresenta praticamente todos os eventos elétricos que ocorrem durante um batimento cardíaco, ou melhor, durante um ciclo cardíaco.

Mais detalhes sobre o eletrocardiograma a gente pode falar em um outro vídeo. Nesse momento, o mais importante é você ter em mente que o ECG registra basicamente a geração e a condução do potencial de ação pelo coração.

Bom, então resumindo tudo que a gente viu nesse vídeo lembre-se que:

  • O potencial de ação gerado no nó sinoatrial se propaga primeiro pelos átrios e depois pelos ventrículos graças ao sistema de condução elétrico do coração.

  • Nesse sistema, quando o potencial de ação chega ao nó atrioventricular, ocorre um atrase na condução o que assegura que o potencial de ação se espalhe primeiro pelos átrios pra depois chegar aos ventrículos.

  • Quando chega nos ventrículos via feixe de His, ramos direito e esquerdo e fibras de Purkinje, o potencial chega primeiro no ápice e segue em direção a base do coração.

  • Toda atividade elétrica do coração, ou seja, a geração e a condução do potencial de ação pelo coração, pode ser avaliada através do eletrocardiograma.

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Qualquer dúvida pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo, abraço!

Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. Atualmente, é professora de fisiologia humana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a mente criativa por trás do MK Fisiologia.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando fisiologia. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana.

Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia
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