
[#5] HEMODINÂMICA: O que é COMPLACENCIA VASCULAR?
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#5] HEMODINÂMICA: O que é COMPLACENCIA VASCULAR?".
TRANSCRIÇÕESSISTEMA CARDIOVASCULAR
Mirian Kurauti
5/26/20257 min read
No vídeo anterior, a gente falou sobre a tensão da parede vascular, uma força gerada pela própria parede elástica dos vasos sanguíneos quando essa parede é estirada, é distendida, uma força que se opõe à distensão, ou seja, uma força de retração elástica.
Então, sabendo que a parede dos vasos sanguíneos, principalmente das artérias e das veias, é elástica, é distensível, a gente pode fazer a seguinte pergunta:
O quão distensível são esses vasos?
Pra responder essa pergunta a gente precisa entender o que é complacência vascular. Bora?
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Pra quem tá chegando agora e ainda não me conhece, eu sou Mirian Kurauti, criadora do canal MK Fisiologia. Um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Então, se você tá precisando entender de verdade a fisiologia, já se inscreve no canal e ative as notificações pra você não perder os próximos vídeos que a gente postar por aqui, beleza?
Agora, sem mais delongas, bora explicar o que é complacência vascular?
Bom, pra explicar o que é complacência vascular, a gente vai usar de novo a nossa boa e velha bexiga.
Quando eu encho a bexiga com ar, o volume de ar dentro dessa bexiga é alterado, a pressão interna é alterada e, consequentemente, a pressão transmural, que é a diferença entre a pressão interna e a pressão externa, também é alterada, e a parede da bexiga é esticada, é distendida.
Mas vamos supor que quando eu coloco 500 ml de ar dentro dessa bexiga, a pressão interna e, consequentemente, a transmural aumenta em 10 milímetros de mercúrio (mmHg).
Porém, quando eu coloco esse mesmo volume de ar dentro dessa outra bexiga, a pressão interna e a transmural dessa outra bexiga aumenta em apenas 5 mmHg.
Isso significa que é mais fácil encher a segunda bexiga do que a primeira bexiga, porque eu não preciso soprar o ar com tanta força, com tanta pressão pra segunda bexiga acomodar o mesmo volume de ar que a primeira bexiga. Por isso, dizemos que a segunda bexiga, que é mais fácil de encher, é mais complacente, ou seja, tem maior complacência do que a primeira bexiga que é mais difícil de encher.
Então, de forma simplificada, complacência seria a “facilidade” com que uma estrutura pode ser distendida pra acomodar um certo volume de ar, como no caso de uma bexiga, ou um certo volume de sangue, como no caso de um vaso sanguíneo.
Portanto, quanto maior a “facilidade” de distender pra acomodar um certo volume de ar, ou de sangue, dentro de uma bexiga, ou de um vaso sanguíneo, maior será a complacência dessa bexiga ou desse vaso.
E aí, matematicamente falando, a complacência é diretamente proporcional à variação de volume e inversamente proporcional à variação da pressão transmural, ou seja, quanto maior a variação de volume e quanto menor a variação de pressão transmural, maior será a complacência, pois mais fácil será de distender a bexiga ou o vaso sanguíneo pra acomodar um certo volume de ar ou de sangue.
Pra entender melhor isso, vamos voltar no nosso exemplo das duas bexigas com complacências diferentes.
Na primeira bexiga, a variação de volume foi de 500 ml, e a variação de pressão foi de 10 mmHg. Logo, a complacência da primeira bexiga é igual a 50 ml/mmHg, isso significa que pra cada aumento de 1 mmHg a bexiga consegue acomodar 50 ml de ar.
Na segunda bexiga, a variação de volume também foi de 500 ml, mas a variação de pressão foi de apenas 5 mmHg. Logo, a complacência da segunda bexiga é igual a 100 ml/mmHg, isso significa que pra cada aumento de 1 mmHg a bexiga consegue acomodar 100 ml de ar, duas vezes mais do que a primeira bexiga, ou seja, é mais fácil de distender a segunda bexiga do que a primeira, pois a segunda bexiga tem maior complacência do que a primeira, e consegue acomodar um maior volume de ar com uma mesma variação de pressão.
No sistema cardiovascular, as artérias seriam mais como a primeira bexiga, e as veias seriam mais como a segunda bexiga. E isso fica claro quando a gente compara a curva pressão-volume ou volume-pressão das artérias e das veias.
Então, aqui a gente tem a variação do volume de sangue no eixo x e a variação da pressão interna ou transmural no eixo y.
Perceba que nas artérias, quando a pressão varia próximo da pressão arterial média, por exemplo, de 80 a 120 mmHg, o volume varia de mais ou menos 600 a mais ou menos 700 ml, uma variação de apenas 100 ml de sangue pra uma variação de 40 mmHg.
Já nas veias, quando a pressão varia próximo da pressão venosa média, por exemplo, de 0 a 10 mmHg, o volume varia de mais ou menos 2200 ml a mais ou menos 2700 ml, uma variação de 500 ml de sangue pra uma variação de apenas 10 mmHg.
Portanto, em condições normais, em condições fisiológicas, a complacência das veias é maior do que a complacência das artérias. Por isso, as veias são capazes de atuar como “reservatório de volume”, pois como são mais complacentes, conseguem acomodar um grande volume de sangue sem aumentar muito a pressão.
Já as artérias são complacentes, mas não tão complacentes quanto as veias, não conseguem acomodar um grande volume de sangue sem aumentar muito a pressão, mas conseguem suportar e manter altas pressões. Por isso, as artérias são capazes de atuar como “reservatório de pressão”.
E tudo isso, graças à estrutura da sua parede, que é rica em fibras elásticas que ao mesmo tempo que suportam e mantém altas pressões, mantém a complacência necessária pra acomodar um volume extra de sangue durante a sístole.
Lembre-se, durante a sístole, o coração ejeta um volume extra de sangue na artéria aorta, esse volume extra de sangue pode ser acomodado momentaneamente nessa artéria graças à distensão da sua parede, ou seja, graças à complacência dessa artéria, que permite a acomodação momentânea desse volume extra de sangue, aumentando momentaneamente a pressão de 80 pra 120 mmHg durante a sístole.
Durante a diástole, esse volume extra vai deixando a artéria e a pressão vai diminuindo de 120 pra 80 mmHg.
Então, perceba que mesmo o coração não ejetando sangue durante a diástole, o fluxo sanguíneo não para, ele continua, graças à complacência das artérias, que acomodam o volume extra de sangue ejetado pelo coração, aumentando a sua pressão. E aí, essa pressão aumentada fica meio que “armazenada” pra ser usada pra empurrar o sangue e assim manter um fluxo sanguíneo durante a diástole.
O problema é que quando a gente vai envelhecendo, as nossas artérias vão ficando mais rígidas, vão perdendo a sua capacidade de distender, ou seja, a complacência das artérias vai diminuindo. E aí pra uma artéria menos complacente acomodar o volume extra de sangue ejetado pelo coração, a pressão acaba aumentando mais do que em uma artéria mais complacente. E isso explica a tendência de aumento da pressão conforme a gente vai envelhecendo. Interessante, não?
Mais detalhes sobre a fisiologia das artérias, das veias e dos demais vasos sanguíneos a gente deixa pra falar no próximo vídeo. Nesse vídeo o mais importante é você entender o que é a complacência vascular e como ela é importante pra explicar as funções dos vasos mais complacentes do sistema vascular, as veias e as artérias.
Bom, então resumindo tudo o que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:
De forma simplificada, complacência vascular seria a “facilidade” com que um vaso sanguíneo pode ser distendido pra acomodar um certo volume de sangue.
Quanto maior a variação de volume de sangue e menor a variação de pressão, mais distensível é um vaso e, portanto, maior a sua complacência.
No sistema vascular, os dois tipos de vasos mais complacentes são as veias e as artérias, e nesses dois tipos de vasos as suas respectivas complacências são importantes para suas funções de reservatório de volume e reservatório de pressão.
Bom, espero que esse vídeo tenha te ajudado de alguma forma, e se ele te ajudou não esquece de curtir e compartilhar esse vídeo com aquele seu amigo que também tá precisando estudar esse conteúdo.
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E como sempre qualquer dúvida pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza?
A gente se vê num próximo vídeo, abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.



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