
[#4] HEMODINÂMICA: O que é TENSÃO da PAREDE VASCULAR?
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#4] HEMODINÂMICA: O que é TENSÃO da PAREDE VASCULAR?".
TRANSCRIÇÕESSISTEMA CARDIOVASCULAR
Mirian Kurauti
5/19/20257 min read
O aneurisma nada mais é do que uma dilatação anormal da parede dos vasos sanguíneos. Essa dilação em si não causa nenhum problema no organismo, mas ela é uma “bomba armada” que corre o risco de estourar a qualquer momento e causar um sangramento, e causar uma hemorragia.
Mas, por que um aneurisma corre o risco de estourar a qualquer momento?
Pra responder essa pergunta, a gente precisa falar sobre uma força que atua não sobre a parede dos vasos sanguíneos, mas na parede dos vasos sanguíneos, uma força que a gente chama de tensão da parede vascular.
Por isso, nesse vídeo a gente vai explicar o que é tensão da parede vascular e o que determina essa tensão, pra então responder por que um aneurisma corre o risco de estourar a qualquer momento. Bora?
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Eu sou Mirian Kurauti aqui do canal MK Fisiologia, e nesse vídeo a gente vai direto ao que interessa:
Afinal de contas, o que é tensão da parede vascular?
Pra responder essa pergunta, vamos usar a parede elástica dessa bexiga como exemplo.
Presta atenção. Quando a bexiga tá vazia, a parede elástica dessa bexiga tá de boa, em repouso, sem estresse. Mas, quando eu começo a encher a bexiga com ar... a parede elástica dessa bexiga começa a ser estressada, começa a ser estirada, distendida.
E aí, quando essa parede elástica é distendida, surge uma força que tenta resistir a essa distensão, uma força gerada pela própria parede elástica da bexiga, que tenta fazer essa parede elástica se retrair, ou seja, uma força de retração elástica que a gente pode chamar de tensão da parede.
Então quanto mais a parede for distendida, maior vai ser a força de retração elástica, maior vai ser a tensão da parede.
Esse conceito de tensão da parede, também pode ser aplicado à parede elástica dos vasos sanguíneos, ou seja, a tensão da parede vascular é uma força gerada pela própria parede elástica dos vasos sanguíneos quando estirada, quando distendida, uma força que tenta fazer essa parede se retrair, uma força de retração elástica da parede vascular que a gente chama de tensão da parede vascular.
E aí, quanto mais a parede vascular for distendida, maior vai ser a força de retração elástica, maior vai ser a tensão da parede vascular. Tranquilo, né?
-Tá, professora, eu entendi que a tensão da parede vascular é uma força gerada pela própria parede vascular quando essa parede é distendida. Mas o que é que determina essa força?
Bom, se a tensão da parede vascular é a força gerada pela própria parede vascular quando essa parede é distendida, isso significa que quanto maior a distensão, maior vai ser essa tensão, certo?
E aqui a gente pode voltar no nosso exemplo da bexiga.
Quando a gente enche a bexiga com ar... o que é que você acha que tá causando a distensão da parede dessa bexiga?
Fácil, né? O volume de ar que eu tô colocando lá dentro tá gerando uma força, tá gerando uma pressão interna que supera a pressão externa, e isso distende a parede da bexiga. E lembre-se, quanto mais ar eu colocar lá dentro... maior vai ser a pressão interna, e maior vai ser a diferença entre a pressão interna e a pressão externa, portanto, maior vai ser a distensão da parede, maior vai ser a tensão da parede.
O mesmo vale pra parede dos vasos sanguíneos, quanto maior for a diferença entre a pressão interna e a pressão externa, maior vai ser a distensão da parede, maior vai ser a tensão da parede vascular.
E é exatamente isso que diz a lei de Laplace que determina a tensão da parede em estruturas tubulares:
A tensão da parede é diretamente proporcional à diferença entre a pressão interna e a pressão externa, que a gente chama de pressão transmural, e também diretamente proporcional ao raio do tubo, mas é inversamente proporcional à espessura da parede do tubo.
E então, de acordo com essa lei, a tensão da parede dos vasos sanguíneos, ou melhor, a tensão da parede vascular é diretamente proporcional à pressão transmural da parede vascular e ao raio do vaso, mas é inversamente proporcional à espessura da parede do vaso.
Portanto, tudo que aumenta a pressão transmural e o raio do vaso, aumenta a tensão da parede vascular, e tudo que diminui a espessura da parede do vaso, também aumenta a tensão da parede vascular. E, se a tensão da parede vascular aumenta, a distensão da parede do vaso aumenta, aumentando assim a probabilidade da parede se romper e o vaso estourar.
Em um aneurisma, a parede do vaso se encontra anormalmente dilatada e, portanto, o raio do vaso é maior em um aneurisma, o que faz com que a tensão da parede vascular seja maior no aneurisma do que em um vaso sanguíneo saudável.
E aí, imagine se a pressão interna da parede vascular aumentar, ou seja, se a pressão sanguínea aumentar, vai aumentar a pressão transmural e isso pode aumentar ainda mais a tensão da parede vascular no aneurisma, aumentando ainda mais a distensão da parede, aumentando ainda mais a probabilidade dessa parede se romper e o aneurisma estourar, causando uma hemorragia.
E é por isso que um aneurisma é uma “bomba armada” correndo o risco de estourar a qualquer momento caso a parede seja distendida demais e a tensão da parede vascular seja aumentada demais.
Por isso, controlar a pressão sanguínea, controlar a pressão nas artérias, ou melhor, controlar a pressão arterial, pode diminuir a probabilidade de um aneurisma sofrer uma ruptura e causar uma hemorragia.
E é interessante lembrar que em um vaso sanguíneo saudável, um aumento da tensão da parede vascular causado por um aumento da pressão arterial, pode ser compensado pela contração da musculatura lisa do vaso causando vasoconstrição. Essa vasoconstrição diminui o raio do vaso, diminuindo assim a tensão da parede vascular.
Tá aí, dois exemplos da importância, tanto clínica quanto fisiológica, de se entender os fatores que determinam a tensão da parede vascular.
Ah... e assim como o aumento da tensão da parede vascular pode aumentar a probabilidade do rompimento de um vaso sanguíneo, a diminuição da tensão da parede vascular pode aumentar a probabilidade do fechamento ou do colapso de um vaso sanguíneo, o que pode bloquear a passagem do sangue nesse vaso.
Por exemplo, em casos graves de hemorragia, perde-se muito volume de sangue, causando uma queda da pressão arterial, causando hipotensão. Essa hipotensão diminui a pressão transmural, diminuindo o estiramento da parede dos vasos sanguíneos, diminuindo a tensão da parede vascular.
Se a pressão sanguínea dentro de um vaso chegar no que a gente chama de “pressão crítica de fechamento”, que claro varia de vaso pra vaso, o vaso colapsa, pois essa “pressão crítica de fechamento” é tão baixa que a parede do vaso não consegue se manter minimamente distendida pra permitir um fluxo sanguíneo, e o vaso se fecha, o vaso colapsa, e o fluxo sanguíneo é interrompido.
Além disso, durante um quadro de hipotensão, ocorre contração da musculatura lisa dos vasos, causando vasoconstrição, na tentativa de se evitar uma queda muito acentuada da pressão arterial, como a gente vai explicar num próximo vídeo. Porém, essa vasoconstrição diminui o raio dos vasos, diminuindo ainda mais a tensão da parede vascular, e aumentando ainda mais a probabilidade de os vasos colapsarem.
Então finalizando, perceba que entender os fatores que determinam a tensão da parede vascular pode te ajudar a entender melhor tanto o rompimento quanto o colapso dos vasos sanguíneos que pode acontecer em algumas condições específicas.
Bom, então resumindo tudo o que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:
A tensão da parede vascular nada mais é do que a força gerada pela própria parede vascular quando ela é distendida. Quanto mais a parede é distendida, maior vai ser a tensão da parede vascular e maior vai ser a probabilidade dessa parede se romper.
De acordo com a lei de Laplace, a tensão da parede vascular é diretamente proporcional à pressão transmural e ao raio do vaso, mas é inversamente proporcional à espessura do vaso.
Tudo que aumenta a pressão transmural e o raio do vaso, e diminui a espessura do vaso, aumenta a distensão da parede vascular, ou seja, aumentam a tensão da parede vascular e a probabilidade dessa parede se romper. E tudo que diminui a pressão transmural e o raio do vaso, e aumenta a espessura do vaso, diminuem a distensão da parede vascular, ou seja, diminuem a tensão da parede vascular e aumenta a probabilidade dessa parede se colapsar, e bloquear o fluxo sanguíneo.
Bom, espero que esse vídeo tenha te ajudado de alguma forma, e se ele te ajudou não esquece de curtir e compartilhar esse vídeo com aquele seu amigo que também tá precisando estudar esse conteúdo.
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E como sempre qualquer dúvida pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza?
A gente se vê num próximo vídeo, abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.



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