[#3] MECÂNICA RESPIRATÓRIA: PNEUMOTÓRAX

Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#3] MECÂNICA RESPIRATÓRIA: PNEUMOTÓRAX".

TRANSCRIÇÕESSISTEMA RESPIRATÓRIO

Mirian Kurauti

10/21/20247 min read

E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Nesse vídeo a gente vai continuar falando sobre a mecânica respiratória, mas dessa vez a gente vai falar um pouco sobre pneumotórax, um assunto que costuma ser abordado na fisiologia pra entender melhor a pressão intrapleural e a pressão transpulmonar, que a gente discutiu no vídeo anterior.

Bom, pra você que tá chegando agora e ainda não me conhece, eu sou Mirian Kurauti, aqui do canal MK Fisiologia, um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Porque, como eu sempre digo, fisiologia não precisa ser difícil. Então, se você tá precisando entender de verdade a fisiologia, já se inscreve no canal e ative as notificações pra você não os próximos vídeos que a gente postar por aqui.

Mas agora, sem mais delongas, bora falar um pouco sobre pneumotórax.

Então pra começar, a gente pode responder a seguinte pergunta:

-O que é pneumotórax?

Esse termo se refere a presença de ar entre as pleuras, ou seja, presença de ar no espaço intrapleural ou cavidade pleural. Existem vários tipos de pneumotórax, mas vamos usar um exemplo de pneumotórax adquirido, causado por um trauma torácico.

Vamos imaginar que você tava numa festa curtindo de boa com seus amigos, e de repente chega um grupo provocando um dos seus amigos. Esse seu amigo então começa a discutir com alguém e de repente essa pessoa tira um canivete do bolso e perfura a caixa torácica do seu amigo, ou seja, ocorre uma perfuração da parede da caixa torácica e da pleura parietal.

Entre a pleura parietal e visceral, em condições normais, só existe um líquido que preenche esse espaço ou essa cavidade, o líquido pleural, e como explicamos no vídeo anterior, a pressão nesse espaço intrapleural, ou seja, a pressão intrapleural, é menor que a pressão atmosférica.

Então, se considerarmos a pressão atmosférica como sendo igual a zero centímetros de água (cmH2O), a pressão intrapleural no repouso, ou seja, ao final de uma expiração, quando não estamos nem expirando e nem inspirando, fica em torno de -5 cmH2O na região intermediária entre o ápice e a base dos pulmões.

Então pensa comigo, se a pressão entre as pleuras é menor que a pressão atmosférica, o que acontece se existir uma perfuração, ou seja, uma passagem de ar entre o espaço intrapleural e a atmosfera?

Pra responder essa pergunta, lembre-se que o ar sempre flui da região com maior pressão pra região com menor pressão. Portanto, nesse caso o ar flui da atmosfera pro espaço intrapleural, até que as pressões se igualem, até que a pressão intrapleural se iguale a pressão atmosférica de zero cmH2O.

E quando isso acontece, ou seja, quando a pressão intrapleural é alterada, sabe o que vai ser alterado também? Uma outra pressão que depende da pressão intrapleural, no caso a pressão transpulmonar que a gente explicou no vídeo anterior.

Então, lembre-se que a pressão transpulmonar é a diferença entra a pressão dentro dos alvéolos, isto é, a pressão alveolar, e a pressão intrapleural.

Como vimos no vídeo anterior, no repouso, a pressão trnaspulmonar é igual a zero cmH2O menos -5 cmH2O. Se menos com menos é mais, a pressão transpulmonar é igual a +5 cmH2O, no repouso. Essa pressão positiva que existe através da parede dos alvéolos é a força que mantém essas estruturas elásticas esticadas, ou seja, é a força que evita a retração total dos alvéolos, que evita o colapso dos pulmões.

Mas quando a gente perfura a parede da caixa torácica e a pleura parietal, o ar entra no espaço intrapleural e a pressão intrapleural vai ficando menos negativa, podendo chegar a zero cmH2O.

Quando a pressão intrapleural for igual a zero, a pressão trnaspulmonar será igual a zero menos zero (0 cmH2O - 0 cmH2O), ou seja, zero cmH2O. Portanto, não existe mais a pressão positiva através da parede dos alvéolos, não existe mais a força que mantinha o tecido pulmonar colado na parede da caixa torácica.

Então, os alvéolos que são estruturas bastante elásticas se retraem, causando o colapso do pulmão, ou atelectasia. E essa é a principal consequência do pneumotórax.

-Mas e agora, como faz pra “descolapsar” o pulmão?

Vamos pensar aqui comigo. Se o que causou o colapso foi a diminuição da pressão transpulmonar, pra “descolapsar”, ou seja, “reexpandir” o pulmão, eu tenho que aumentar a pressão transpulmonar.

E aí, se a gente lembrar que a pressão transpulmonar depende tanto da pressão alveolar quanto da pressão intrapleural, a gente já sabe que tem dois jeitos de reexpandir o pulmão: aumentando a pressão alveolar e diminuindo a pressão intrapleural.

Então não se esqueça que, se eu aumentar a pressão alveolar, conforme a pressão dentro dos alvéolos aumenta, mesmo que a pressão intrapleural continue igual a zero, a pressão transpulmonar vai aumentar.

E quando essa pressão chegar ao valor normal de repouso, em torno de +5 cmH2O, as paredes dos alvéolos voltam a ficar esticadas, assim como se encontravam no repouso normal. E se continuarmos aumentando a pressão trnaspulmonar, através do aumento da pressão alveolar, as paredes dos alvéolos podem continuar se esticando ainda mais, assim como acontecia na inspiração normal.

Esse é o princípio da ventilação mecânica com pressão positiva que pode ser utilizada em casos de atelectasia ou colapso do pulmão. Nesse tipo de ventilação mecânica um aparelho, acoplado ao nariz e boca do paciente, aumenta a pressão atmosférica e o ar pode fluir pros alvéolos, aumentando a pressão alveolar, e assim aumentando a pressão transpulmonar, permitindo a “reexpansão” do pulmão, permitindo a inspiração. E pra expirar, o aparelho diminui a pressão atmosférica, e o ar pode fluir agora pra fora dos alvéolos, graças a retração elástica dessas estruturas, permitindo a expiração.

Vale lembrar que a ventilação mecânica com pressão positiva ajuda o paciente com pneumotórax a respirar, mas não resolve o problema. Pra resolver o pneumotórax, é preciso restaurar a pressão intrapleural pro seu valor normal de repouso, ou seja, em torno de menos cinco centímetros de água.

E isso pode ser feito através da inserção de um cateter no local da perfuração, pra fazer a sucção de todo o ar que entrou no espaço intrapleural, quando o tórax foi perfurado com o canivete.

Quando a pressão intrapleural volta pros seus valores normais de repouso em torno de menos cinco centímetros de água, a pressão transpulmonar volta pro seu valor normal de repouso, ou seja, mais cinco centímetros de água. Nesse valor, o pulmão volta a ficar expandido e colado na parede torácica, e a respiração normal pode acontecer.

Bom, então resumindo tudo o que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:

  • Pneumotórax é simplesmente a presença de ar entre as pleuras parietais e visceral, ou seja, é a presença de ar no espaço intrapleural.

  • Quando isso acontece, a pressão intrapleural aumenta e a pressão transpulmonar diminui, o que pode causar atelectasia, ou seja, o colapso do pulmão que se retrai e acaba descolando da parede torácica e o indivíduo não consegue mais respirar normalmente.

  • Pra reexpandir o pulmão e ajudar o indivíduo a respirar pode-se aumentar a pressão alveolar pra aumentar a pressão trnaspulmonar, sendo esse o princípio da ventilação mecânica com pressão positiva.

  • E pra reexpandir o pulmão e colar novamente o tecido pulmonar na parede torácica, é preciso diminuir a pressão intrapleural, até os seus valores normais de repouso, isso aumenta a pressão transpulmonar até o seu valor normal de repouso. Nesse valor, o pulmão volta a ficar expandido e colado na parede torácica, e a respiração normal pode acontecer.

E aí, gostou do vídeo? Se gostou, comenta aí embaixo e compartilha com seus amigos que isso ajuda bastante na divulgação do canal. E se você gostou muito, mas muito mesmo, e quiser contribuir ainda mais com o canal, tem um botão aí embaixo escrito “valeu”. Isso vai ajudar muito a gente a continuar produzindo cada vez mais vídeos por aqui.

Qualquer dúvida, pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo, abraço!

Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.

Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia
Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia