
[#2] MECÂNICA RESPIRATÓRIA: PRESSÃO INTRAPLEURAL E PRESSÃO TRANSPULMONAR
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#2] MECÂNICA RESPIRATÓRIA: PRESSÃO INTRAPLEURAL E PRESSÃO TRANSPULMONAR".
TRANSCRIÇÕESSISTEMA RESPIRATÓRIO
Mirian Kurauti
10/18/20248 min read
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Nesse vídeo a gente vai continuar falando sobre a mecânica respiratória, mas dessa vez a gente vai falar sobre dois conceitos muito importantes pra entender a ventilação pulmonar, a pressão intrapleural e pressão transpulmonar.
Bom, pra você que tá chegando agora e ainda não me conhece eu sou Mirian Kurauti, aqui do canal MK Fisiologia, um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Porque como eu sempre digo, fisiologia não precisa ser difícil. Então, se você tá precisando entender de verdade a fisiologia, já se inscreve no canal e ativa as notificações pra você não perder nenhum vídeo que a gente postar por aqui. E agora, bora falar sobre pressão intrapleural e pressão transpulmonar?
No vídeo anterior, a gente viu que pro ar entrar nos pulmões, é necessário diminui a pressão dentro dos pulmões, e pra diminuir essa pressão não se esqueça que é preciso aumentar o volume pulmonar, ou seja, é preciso expandir os pulmões. Como a caixa torácica tá colada nos pulmões, pra expandir os alvéolos é necessário expandir a caixa torácica.
-Mas como exatamente a expansão da caixa torácica vai expandir os pulmões?
Pra responder essa pergunta, precisamos lembrar que a caixa torácica tá colada nos pulmões, principalmente através da pressão negativa que existe dentro do saco pleural, no espaço intrapleural ou cavidade pleural, a pressão intrapleural, e essa pressão é negativa graças as forças elásticas da parede da caixa torácica e dos pulmões, como explicamos no vídeo anterior.
Essa pressão negativa entre as pleuras viscerais e parietais mantém essas duas membranas unidas.
É mais ou menos a mesma coisa que acontece quando a gente pega um saco plástico, coloca um pouco de líquido, que seria o líquido pleural, suga o ar de dentro dele e veda a saída. Se você tentar separar as duas faces desse saco plástico, que seriam as pleuras viscerais e parietais, você não consegue pois isso deixa a pressão lá dentro negativa, o que força as duas faces a ficarem coladas uma na outra.
Além disso, uma coisa importante que não falamos no vídeo anterior, é que a pressão intrapleural não é a mesma em todas as regiões da cavidade pleural, na verdade ela é mais negativa no ápice e menos negativa na base dos pulmões, se considerarmos um indivíduo em pé, e isso é explicado pela força da gravidade que empurra os pulmões pra baixo diminuindo a pressão intrapleural no ápice e aumentando a pressão intrapleural na base dos pulmões.
E preste atenção, a gente fala que a pressão intrapleural é negativa em relação a pressão atmosférica. Por exemplo, se a pressão atmosférica ao nível do mar é de 760 milímetros de mercúrio (mmHg), no ápice dos pulmões de um indivíduo em pé, a pressão intrapleural será em torno de 7 mmHg mais negativo que a pressão atmosférica, ou seja, 753 mmHg, e conforme a gente vai indo pra base dos pulmões a pressão intrapleural vai ficando menos negativa, chegando a ficar em trono de apenas 2 mmHg mais negativo que a pressão atmosférica, ou seja, 758 mmHg.
A maioria dos livros, ao invés de usar a escala de milímetros de mercúrio (mmHg), utiliza a escala de centímetros de água (cmH2O).
Então, convertendo a pressão atmosférica ao nível do mar de 760 mmHg em centímetros de água (cmH2O), nós teríamos uma pressão atmosférica de mais ou menos 1000 cmH2O.
Mas ao invés de usarmos esse valor, a gente usa zero centímetros de água (cmH2O) pra pressão atmosférica. E é por isso que vocês vão encontrar nos livros de fisiologia que a pressão intrapleural no ápice dos pulmões fica em torno de -10 cmH2O e conforme a gente vai indo pra base dos pulmões a pressão vai ficando menos negativa, chegando a ficar em torno de -2,5 cmH2O.
Como seria muito confuso ficar falando das pressões em cada região da cavidade pleural, a gente usa como padrão a pressão na região intermediária, entre o ápice e a base dos pulmões. Nessa região, a pressão intrapelural fica em torno de -5 cmH2O ou aproximadamente -4 mmHg.
Mas agora preste bastante atenção. Essa pressão intrapleural de -5 cmH2O, a gente encontra em repouso, isto é, ao final de uma expiração, quando não estamos nem expirando e nem inspirando.
Nesse momento, a pressão dentro dos pulmões, ou melhor, dentro dos alvéolos, isto é, a pressão alveolar, é igual a pressão atmosférica que como eu expliquei é igual a zero centímetros de água (cmH2O), e não existe fluxo de ar, já que não existe um gradiente de pressão, ou uma diferença de pressão.
Mas quando os músculos inspiratórios começam a sua contração, a caixa torácica começa a se expandir. A força gerada pelos músculos inpiratórios puxa a pleura parietal e a pressão intrapleural se torna ainda mais negativa e pode chegar em torno de -8 cmH2O.
Essa pressão intrapleural mais negativa acaba sugando, puxando a pleura visceral, e como essa pleura tá associada ao tecido pulmonar, ela puxa também a parede dos alvéolos que se expande, aumentando o volume alveolar e o volume pulmonar.
Com o aumento desse volume, a pressão alveolar diminui, ou seja, fica menor que a pressão atmosférica, em torno de -1 cmH2O. E como agora a pressão dentro dos alvéolos é menor que a pressão atmosférica o ar flui pra dentro dos alvéolos.
Percebam então que, o que causa a entrada de ar nos alvéolos durante a inspiração, é a diminuição da pressão intrapleural, porque isso aumenta a diferença de pressão através da parede dos alvéolos, isto é, aumenta a diferença entre a pressão alveolar e a pressão intrapleural.
Essa diferença de pressão através da parede dos alvéolos é o que a gente chama de pressão transmural ou pressão transpulmonar.
Vamos tentar entender melhor o que que é essa pressão transpulmonar e como ela determina a entrada de ar nos alvéolos, ou melhor, como ela determina a inspiração.
No repouso, a pressão transpulmonar é igual a 0 (zero) cmH2O menos (-5 cmH2O). Se menos com menos é mais, a pressão transpulmonar, nesse momento é igual a +5 cmH2O.
Essa pressão positiva através da parede dos alvéolos é a força que mantém essas estruturas elásticas levemente esticadas, ou seja, é a força que evita o colabamento dos alvéolos.
Porém, durante a inspiração, a pressão transpulmonar aumenta pois, -1 cmH2O menos (-8 cmH2O), é igual a +7 cmH2O, e é essa pressão através da parede dos alvéolos agora mais positiva, que consegue esticar ainda mais essas estruturas elásticas pra aumentar o volume dos alvéolos, pra aumentar o volume pulmonar, e assim permitir o fluxo de ar pra dentro dos pulmões.
Mas, conforme o ar vai entrando, e os alvéolos vão se enchendo de ar, a pressão alveolar vai aumentando, e o fluxo de ar para quando essa pressão se iguala a pressão atmosférica, ou seja, 0 (zero) cmH2O.
Agora, pra expirar o ar, durante uma respiração tranquila, os músculos inspiratórios relaxam, e a caixa torácica que estava expandida graças a força gerada pelos músculos inspiratórios, começa a se retrair devido a sua elasticidade. Essa retração, agora, aperta a cavidade pleural e a pressão intrapleural aumenta, ou seja, fica menos negativa e pode retornar pra -5 cmH2O. Isso diminui a pressão transpulmonar que volta aos valores de repouso de + 5 cmH2O.
Portanto, a força que tava esticando a parede dos alvéolos, isto é, a pressão transpulmonar, diminui, e a força de retração interna dos alvéolos, gerada pela elasticidade dessas estruturas agora pode causar a retração da parede alveolar.
A retração da parede dos alvéolos, diminui o volume e aumenta a pressão alveolar que agora se torna positiva, +1 cmH2O, ou seja, maior que a pressão atmosférica, e o ar então agora flui pra fora em direção a atmosfera. E, conforme o ar deixa os alvéolos, a pressão alveolar vai diminuindo até se igualar a pressão atmosférica, ou seja, 0 (zero) cmH2O.
Quando isso acontece o fluxo de ar para, a expiração acaba e a gente volta pro repouso, quando não estamos nem expirando e nem inspirando. Agora, quando os músculos inspiratórios começarem a se contrair de novo, mais um ciclo respiratório será iniciado.
Bom, resumindo tudo que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:
A pressão intrapleural, ou seja, a pressão entre as pleuras, no repouso é negativa, mas durante a inspiração ela se torna ainda mais negativa e isso aumenta a diferença entre a pressão dentro dos alvéolos, ou pressão alveolar, e a pressão intrapleural. E essa diferença a gente chama de pressão transpulmonar ou pressão transmural
Durante a respiração, a pressão transpulmonar aumenta, o que causa a expansão dos alvéolos, e a entrada de ar, e durante a expiração a pressão transpulmonar diminui, o que causa a retração dos alvéolos, e a saída de ar.
E vale destacar que essa retração dos alvéolos, ocorre principalmente devido a grande elasticidade dessas estruturas, mas a pergunta que fica é, o que exatamente gera toda essa elasticidade das paredes alveolares? Nos próximos vídeos a gente responde essa pergunta, não perca!
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Qualquer dúvida, pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo, abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.



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