
[#2] TIPOS de COMUNICAÇÃO (SINALIZAÇÃO) CELULAR: JUSTÁCRINA, PARÁCRINA, ENDÓCRINA e AUTÓCRINA
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#2] TIPOS de COMUNICAÇÃO (SINALIZAÇÃO) CELULAR: JUSTÁCRINA, PARÁCRINA, ENDÓCRINA e AUTÓCRINA".
TRANSCRIÇÕESFISIOLOGIA CELULAR
Mirian Kurauti
3/10/20259 min read
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
No vídeo anterior, a gente fez uma introdução sobre comunicação e sinalização celular, e a gente viu que existem basicamente dois tipos de comunicação celular: a comunicação direta e a comunicação indireta. Nesse vídeo, a gente vai falar sobre os diferentes tipos de comunicação indireta.
Então, só refrescando a sua memória, na comunicação indireta o sinal não passa diretamente da célula sinalizadora pra célula-alvo, na verdade a molécula sinal é externalizada, e a transmissão de sinais depende da interação entre essa molécula e um receptor específico presente na célula-alvo.
E aí, dependendo da distância que a molécula sinal tiver que percorrer pra chegar até a sua célula-alvo e interagir com o seu receptor específico, a gente vai ter diferentes tipos de comunicação indireta:
Comunicação justácrina, mais conhecida como comunicação dependente de contato;
Comunicação parácrina;
Comunicação endócrina;
E um tipo especial de comunicação indireta, a comunicação autócrina.
-Meu Deus, professora, quanto nome difícil, como é que eu vou lembrar de tudo isso?
Calma, meu jovem aprendiz de comunicação celular, vamos devagar que vai dar certo, confia.
Na comunicação ou sinalização justácrina ou sinalização dependente de contato, a célula sinalizadora externaliza a molécula sinal, mas não secreta, não libera essa molécula no meio extracelular, ou seja, a célula sinalizadora coloca a molécula sinal na superfície externa da sua membrana plasmática. E aí, uma vez externalizada, ela pode interagir com seus receptores específicos que também vão tá na superfície externa da membrana plasmática só que das suas células-alvo.
Então, lembre-se que aqui, a comunicação depende do contato entre a célula sinalizadora e a célula-alvo, por isso que essa comunicação é chamada de comunicação ou sinalização dependente de contato ou sinalização justácrina, porque as células precisam ficar bem perto, bem justo.
Um exemplo desse tipo de sinalização acontece quando uma célula de defesa do sistema imunológico chamada de macrófago, encontra um microrganismo invasor, como por exemplo uma bactéria.
O macrófago então fagocita, internaliza essa bactéria, digere ela e pega uns pedacinhos dessa bactéria pra colocar na superfície externa da sua membrana plasmática.
Esse pedacinho da bactéria funciona então como uma molécula sinal que pode ser reconhecida por receptores específicos de outras células de defesa do sistema imunológico chamadas de linfócitos.
A mensagem da molécula sinal então é decodificada e “interpretada” pelo linfócito que então entende que o organismo tá infectado por bactérias e que ele precisa fazer alguma coisa gerando uma resposta adequada pra essa mensagem.
Pronto, temos aqui um exemplo de sinalização dependente de contato ou sinalização justácrina.
Agora, vamos aproveitar esse exemplo, pra já explicar um outro tipo de sinalização.
Então presta atenção aqui. Quando o linfócito entende que o organismo tá infectado por bactérias, ele gera uma resposta. E sabe que resposta é essa? Ele produz e secreta moléculas sinais.
Agora, como essas moléculas sinais são secretadas e liberadas, elas podem se difundir pelo meio extracelular e então ser reconhecidas por receptores específicos presentes em outras células de defesa do sistema imunológico que tiverem passando ali por perto. E aí, quando as moléculas sinais interagirem com esses receptores específicos, essas células de defesa podem decodificar e “interpretar” a mensagem dessas moléculas sinais e assim gerar uma resposta adequada pra essa mensagem.
Essa comunicação que a gente acabou de explicar, é um ótimo exemplo de sinalização parácrina, que acontece quando a molécula sinalizadora é liberada no meio extracelular, percorre pequenas distâncias atuando em células-alvo que tão perto, que tão próximas da célula sinalizadora.
Então lembre-se, comunicação ou sinalização parácrina, “para” significa perto, próximo, mas não colado igual na sinalização justácrina, beleza?
Um outro exemplo de sinalização parácrina é a sinalização que acontece entre neurônios ou entre um neurônio e um outro tipo de célula, como por exemplo as células musculares.
Nesse tipo de comunicação, o neurônio chega bem pertinho da sua célula-alvo, libera moléculas sinais chamadas de neurotransmissores, que podem então ser reconhecidas por receptores específicos presentes na sua célula-alvo, que vai decodificar e interpretar a mensagem pra iniciar assim uma resposta adequada que, no caso de uma célula muscular, pode ser a contração muscular.
Esse tipo de sinalização parácrina é especial e tem um nome especial: sinalização sináptica, isso porque ela acontece em uma estrutura especializada que existe entre o neurônio e a sua célula-alvo que a gente chama de sinapse.
Mais detalhes sobre esse tipo de sinalização a gente vai ver mais pra frente quando a gente for estudar o sistema nervoso. Agora, o mais importante é entender que essa sinalização sináptica pode ser considerada uma sinalização parácrina porque a molécula sinal é liberada no meio extracelular e interage com um receptor específico presente na sua célula-alvo que se encontra próxima, nesse caso bem próxima mesmo, mas mesmo assim não chega a ter um contato porque as moléculas sinais não ficam presas na membrana plasmática do neurônio, elas são secretadas, liberadas no meio extracelular, beleza?
Agora indo pro próximo tipo de comunicação ou sinalização, a gente tem a comunicação ou sinalização endócrina. Nesse caso, a célula sinalizadora, chamada de célula endócrina, também libera moléculas sinais, agora chamadas de hormônios, no meio extracelular.
Porém, nesse tipo de sinalização, os hormônios podem se difundir até um capilar sanguíneo e entrar na circulação sanguínea por onde podem “viajar” por praticamente todo o organismo e assim chegar em células-alvo que tão bem longe da célula sinalizadora.
Um exemplo de sinalização endócrina que podemos citar é a comunicação entre as células endócrinas do pâncreas e as células musculares.
Quando a concentração de glicose no sangue aumenta, as células do pâncreas detectam esse aumento e secretam o hormônio insulina. Esse hormônio então se difunde até um capilar sanguíneo do próprio pâncreas entrando assim na circulação sanguínea, por onde esse hormônio pode circular até chegar nas células musculares que apresentam receptores específicos pra insulina.
E aí, quando a insulina interagir com seu receptor específico, uma resposta pode ser gerada na célula muscular. E nesse caso, a resposta vai ser a captação de glicose, ou seja, a célula muscular começa a captar glicose da circulação sanguínea, pra ajudar a diminuir a concentração de glicose no sangue.
Então, temos aqui um ótimo exemplo de sinalização endócrina. E aqui pra você não esquecer, lembra que “endo” significa “dentro”, dentro da circulação sanguínea. Então, toda vez que a molécula sinal, nesse caso chamada de hormônio, chegar na célula-alvo através da circulação sanguínea, a sinalização vai ser endócrina, ok? E a gente vai falar muito sobre esse tipo de sinalização quando a gente for estudar, claro, o sistema endócrino.
Bom, mas então até aqui, a gente só falou de tipos de comunicação que envolve pelo menos duas células né, uma célula sinalizadora e uma célula-alvo. Se a célula-alvo tiver que fazer um contato com a célula sinalizadora, a comunicação é justácrina. Se a célula-alvo tiver próxima, tiver perto da célula sinalizadora, a comunicação é parácrina, mas se a célula-alvo tiver longe da célula sinalizadora aí a comunicação é endócrina.
Mas você sabia que existe um tipo de comunicação que envolve somente uma célula?
-Como assim professora, pra ter comunicação não precisa ter duas células?
Não necessariamente. Às vezes você não conversa sozinho?
Pois é, as células também podem “conversar” sozinhas. E quando isso acontece a gente tem uma comunicação ou sinalização autócrina, pois lembre-se que “auto” significa tipo “você mesmo”, ou seja, a célula se comunica com ela mesma.
Esse tipo de sinalização acontece por exemplo nas células tumorais, células de um tumor, que são capazes de produzir e secretar moléculas sinais no meio extracelular e ainda responder a essas moléculas, isso porque elas apresentam receptores específicos pra essas moléculas sinais, ou seja, ela atua como célula sinalizadora e célula-alvo.
Quando essas moléculas sinais interagem com seus receptores específicos presentes nessas células tumorais, sabe qual é a resposta gerada por essas células?
Crescer e se dividir e se multiplicar, ou seja, as células tumorais sinalizam pra elas mesmas continuarem crescendo e se dividindo, aumentando ainda mais o tamanho do tumor.
Que loucura, né, a célula tumoral fica TOTALMENTE descontrolada, ela fica sinalizando pra ela mesma continuar crescendo e se dividindo descontroladamente.
Um outro exemplo de sinalização autócrina que acontece no organismo, é a sinalização autócrina das células endócrinas do pâncreas que secretam o hormônio insulina.
Quando essas células liberam a insulina no meio extracelular, além da insulina poder se difundir pra circulação sanguínea, ela pode atuar na própria célula que secretou ela, isso porque essa célula tem receptores específicos pra insulina.
E aí, quando a insulina interage com esse receptor a célula entende que ela tá secretando insulina demais, e a resposta a essa sinalização é diminuir a secreção de insulina. Legal, né?
Então esse é mais um exemplo de comunicação ou sinalização autócrina, uma sinalização que acontece quando a molécula sinal atua na própria célula que secretou ela, ou seja, a célula sinalizadora e a célula-alvo são a mesma célula.
Bom, então resumindo tudo o que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:
A comunicação ou sinalização justácrina, ou sinalização dependente de contato, acontece quando a célula sinalizadora coloca a molécula sinal na superfície externa da sua membrana plasmática e a célula-alvo precisa fazer um contato com a célula sinalizadora.
A comunicação ou sinalização parácrina acontece quando a molécula sinal atua em uma célula-alvo próxima.
A comunicação ou sinalização endócrina acontece quando a molécula sinal entra na circulação sanguínea e atua em uma célula-alvo distante.
E a comunicação ou sinalização autócrina acontece quando a molécula sinal atua na própria célula que secretou essa molécula.
Bom, agora só pra finalizar, é importante lembrar que independente do tipo de comunicação indireta, o mecanismo de como a célula vai responder a sinalização vai depender do tipo de molécula sinal e do tipo de receptor específico que essa molécula sinal interage. Então nos próximos vídeos a gente fala sobre os diferentes tipos de moléculas sinais e sobre os diferentes tipos de receptores que a gente pode encontrar nas células do organismo. Não perca!
Bom, espero que esse vídeo tenha te ajudado de alguma forma. E se ele realmente te ajudou não esquece de curtir e compartilhar esse vídeo com aquele seu amigo que também tá precisando estudar esse conteúdo.
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A gente se vê no próximo vídeo, abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.



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