
[#1] COMUNICAÇÃO e SINALIZAÇÃO CELULAR: COMUNICAÇÃO DIRETA E INDIRETA
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#1] COMUNICAÇÃO e SINALIZAÇÃO CELULAR: COMUNICAÇÃO DIRETA E INDIRETA".
TRANSCRIÇÕESFISIOLOGIA CELULAR
Mirian Kurauti
2/24/20259 min read
-Pâncreas tá vindo a sobremesa, se prepara aí.
-Pô, cérebro, mais comida? Achei que eu já tinha acabado meu serviço, mas pera aí que já tá chegando mais glicose aqui.
-Fígado, cabe mais glicose aí, cara?
-Ah, não cabe não, glicogênio já tá no talo.
-Putz... tá vindo mais glicose, resolveram mandar uma sobremesa agora, você acredita? Mas faz o seguinte, pega essa glicose e transforma ela em gordura pra mandar pro adiposo, beleza?
-Pode deixar, pâncreas, tamo junto!”
Não, infelizmente não é assim que as células se comunicam, embora o nome dessa comunicação seja “comunicação celular”, ela não acontece através do celular.
Então, se não é assim, como que as células se comunicam? É essa pergunta que a gente vai responder nesse vídeo.
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Eu sou Mirian Kurauti, criadora do canal MK Fisiologia, um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Então, se você tá precisando entender de verdade a fisiologia, já se inscreve no canal e ative as notificações pra você não perder os próximos vídeos que a gente postar por aqui.
Agora, sem mais delongas, bora começar a falar sobre comunicação celular?
Bom, embora o termo comunicação celular seja usado pra se referir à comunicação que acontece entre as células, o termo mais correto e que inclusive você vai encontrar em alguns livros vai ser comunicação intercelular ou comunicação célula-célula.
Mas aqui, pra simplificar, a gente vai usar o termo comunicação celular mesmo, pra se referir a essa comunicação célula-célula, beleza? Até porque eu acho que a maioria dos professores utilizam esse termo mesmo, comunicação celular, pra se referir à comunicação que acontece entre as células.
-Beleza, professora, mas o que eu quero saber mesmo é como que acontece essa comunicação celular?
Bom, assim como em qualquer tipo de comunicação, a gente sempre vai ter um emissor, uma mensagem codificada emitida pelo emissor, e um receptor capaz de decodificar e interpretar essa mensagem codificada.
Por exemplo, o que a gente tá fazendo agora, aqui, é um tipo de comunicação. Eu sou o emissor, porque eu tô aqui emitindo uma mensagem codificada em palavras, e você aí é o receptor que tá decodificando e interpretando essa mensagem.
Então, pra que aconteça a comunicação celular, a gente precisa de uma célula emissora, isto é, de uma célula que emite uma mensagem codificada, claro que não em palavras, mas sim em moléculas sinais; e de uma célula receptora capaz de decodificar e interpretar essa mensagem codificada pra então poder agir, poder fazer alguma coisa e gerar uma resposta celular adequada, de acordo com a mensagem recebida.
-Tá, professora, mas o que que seria uma resposta celular adequada gerada pela célula receptora?
Bom, uma resposta celular adequada é uma resposta gerada pela célula receptora que vai depender tanto do tipo de molécula sinal, como também do tipo de célula que vai receber a mensagem dessa molécula sinal.
Por exemplo, algumas moléculas sinais podem provocar mudanças no metabolismo da célula receptora, outras podem induzir crescimento e divisão celular e, caso a célula receptora seja uma célula de uma glândula, algumas moléculas sinais podem induzir a secreção de uma substância na célula receptora. Mas, caso a célula receptora seja uma célula muscular, algumas moléculas sinais podem induzir a contração dessa célula receptora.
Então, lembre-se que quando a gente fala que uma molécula sinal vai gerar uma resposta celular adequada, a gente quer dizer que ela vai gerar uma resposta de acordo com a mensagem que ela carrega e de acordo com o tipo de célula que vai estar recebendo essa mensagem, se é uma célula de uma glândula, se é uma célula muscular, se é um neurônio, beleza?
Mas, de qualquer forma, independente da resposta celular gerada na célula receptora, o mais importante é lembrar que na comunicação celular a mensagem é codificada em moléculas sinais, e por isso quando uma célula que emite um sinal, ela pode ser chamada de célula sinalizadora.
E é por isso então que o termo sinalização celular também pode ser usado pra se referir ao processo de comunicação celular, já que a comunicação entre as células depende da emissão e do recebimento de um sinal, ou seja, depende da sinalização que acontece entre as células.
Portanto, sinalização celular é isso, é a transmissão de sinais que acontece entre as células durante uma comunicação celular.
Agora, uma coisa muito importante é saber que essa transmissão de sinais pode acontecer basicamente de duas formas: de forma direta e indireta. E é por isso, a gente tem basicamente dois tipos de comunicação celular: a comunicação direta e a comunicação indireta.
-Como assim?
Presta atenção.
Na comunicação direta, a célula sinalizadora e a célula receptora tão conectadas por proteínas de membrana chamadas de conéxons que nada mais são do que proteínas canais, isto é, proteínas que formam um poro, que formam um canal na membrana plasmática tanto da célula sinalizadora como da célula receptora, ou seja, a gente vai ter conéxons na membrana plasmática dessas duas células e os conéxons de uma célula vão encaixar certinho com os conéxons da outra célula, formando como se fossem vários pequenos “túneis” que atravessam a membrana plasmática das duas células, permitindo assim a passagem direta de moléculas sinais do citoplasma da células sinalizadora pro citoplasma da célula receptora.
Essa estrutura contendo vários “túneis” que conectam o citoplasma das células vizinhas é chamada de junção comunicante, isso porque é uma estrutura que junta as células e permite a comunicação direta entre elas, ou seja, permite a passagem direta de moléculas sinais entre as células vizinhas.
Um exemplo desse tipo de comunicação acontece entre as células do coração. No coração, todas as células tão conectadas umas às outras através de junções comunicantes. E aí, quando uma célula emitir um sinal, o sinal vai passando diretamente de uma célula pra outra através dessas junções comunicantes. E conforme esse sinal vai chegando nas células, as células vão gerando repostas adequadas a esse sinal que nesse caso é a contração das células musculares do coração.
Então, é graças a essa comunicação direta que acontece entre as células musculares do coração que essas células conseguem se contrair quase que ao mesmo tempo pra assim gerar a força necessária pro coração bombear o sangue pra toda circulação sanguínea.
Quando a gente chegar lá na fisiologia do coração a gente fala mais sobre isso, nesse momento o mais importante é você entender que a comunicação direta é o tipo de comunicação mais simples e mais rápido porque o sinal passa diretamente de uma célula pra outra através das junções comunicantes que conectam o citoplasma dessas células.
Mas, além da comunicação direta, a gente tem também a comunicação indireta, que na verdade é o tipo de comunicação mais comum no organismo. Nesse tipo de comunicação, as células não se conectam através de junções comunicantes e o sinal precisa ser transmitido de uma forma indireta.
-Como assim de uma forma indireta?
Presta atenção.
Na comunicação indireta a molécula sinal é externalizada, ou seja, ela pode ser colocada na superfície externa da membrana plasmática da célula sinalizadora, ou ainda, ela pode ser secretada e liberada no meio extracelular, podendo assim se difundir por esse meio pra levar a sua mensagem pra células receptoras que podem tá ali por perto na vizinhança, ou ainda, que podem tá bem longe da célula sinalizadora. E, quando a molécula sinal chega nas células receptoras, ela ainda precisa ser reconhecida por uma proteína receptora que a gente chama simplesmente de receptor.
E aqui é importante lembrar que pra cada molécula sinal existem receptores específicos capazes de iniciar a decodificação e a interpretação da mensagem codificada pela molécula sinal.
Então, a molécula sinal e o receptor vão ser tipo uma chave e uma fechadura, pra cada chave a gente tem uma fechadura, pra cada molécula sinal a gente vai ter um receptor com um sítio de ligação específico pra essa molécula sinal, ou seja, um sítio onde essa molécula pode se ligar e ativar o receptor que agora pode começar a decodificar e a interpretar a mensagem codificada pra que a célula consiga entender a mensagem e gerar uma resposta adequada de acordo com a mensagem recebida.
Ah... e lembre-se também que na maioria das vezes, a molécula sinal não vai encontrar o seu receptor específico em todas as células do organismo, na verdade a maioria das moléculas sinais só vai encontrar o seu receptor em algumas células que vão atuar então como células receptoras ou células-alvo porque agora a célula receptora nada mais é do que um alvo da molécula sinal.
-Então, isso quer dizer que nem todas as células vão conseguir decodificar e interpretar a mensagem de uma molécula sinal?
Exatamente.
Imagine se eu começasse a falar em japonês agora, nesse vídeo, nem todo mundo que tá assistindo ia conseguir decodificar e interpretar os meus sinais, só aquelas pessoas que tivessem o “receptor” pra essa língua, é que iam conseguir fazer isso, certo?
Então, perceba que nesse tipo de comunicação a molécula sinal precisa interagir com o seu receptor específico que vai tá presente apenas nas suas células-alvo. E aí, como esse tipo de comunicação depende dessa interação sinal-receptor, dizemos que a comunicação não é direta, ela é indireta.
E como você deve imaginar, esse tipo de comunicação não vai ser assim tão rápido quanto a comunicação direta, mas lembre-se que a comunicação indireta tem suas vantagens. E uma dessas vantagens é que a molécula sinal pode atuar tanto em células-alvo que podem tá ali bem perto da célula sinalizadora, ou em células-alvo que podem tá bem longe dessa célula.
E aí, dependendo da distância que a molécula sinal tiver que percorrer pra chegar na sua célula-alvo, a gente pode ter diferentes tipos de comunicação indireta:
Comunicação justácrina, mais conhecida como comunicação dependente de contato;
Comunicação parácrina;
Comunicação endócrina;
E um tipo especial de comunicação indireta, a comunicação autócrina.
No próximo vídeo, a gente explica em detalhes cada um desses tipos de comunicação indireta, beleza?
Bom, então resumindo tudo que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:
A comunicação celular depende da sinalização celular, pois nesse processo uma célula sinalizadora emite um sinal que vai ser recebido por uma célula receptora.
Existem basicamente dois tipos de comunicação celular, a comunicação direta e indireta.
Na comunicação direta, o citoplasma da célula sinalizadora tá conectado com o citoplasma da célula receptora através de junções comunicantes, permitindo assim a passagem direta dos sinais de uma célula pra outra.
Já na comunicação indireta, a célula sinalizadora externaliza a molécula sinal que precisa interagir com um receptor específico presente na célula receptora ou célula-alvo pra então poder transmitir a sua mensagem e gerar uma resposta adequada na sua célula-alvo.
Bom, a gente vai ficando por aqui, não perca os próximos capítulos dessa série de videoaulas que a gente tá fazendo sobre comunicação e sinalização celular.
Qualquer dúvida pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza?
A gente se vê no próximo vídeo, abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.



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