
[#2] CICLO CARDÍACO: DIAGRAMA DE WIGGERS
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#2] CICLO CARDÍACO: DIAGRAMA DE WIGGERS".
TRANSCRIÇÕESSISTEMA CARDIOVASCULAR
Mirian Kurauti
8/20/20246 min read
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Eu sou Mirian Kurauti aqui do canal MK Fisiologia e nesse vídeo a gente vai continuar falando sobre o ciclo cardíaco, mas dessa vez a gente vai falar mais sobre o diagrama de Wiggers.
No vídeo anterior, a gente explicou o ciclo cardíaco, ou seja, explicamos os eventos elétrico e mecânicos que acontecem durante um batimento cardíaco.
Todos esses eventos podem ser observados no diagrama de Wiggers, o qual apresenta uma relação temporal entre os eventos elétricos, representados pelo eletrocardiograma, e os eventos mecânicos, representados pela alteração da pressão nas artérias (pulmonar e aorta), da pressão nos átrios e nos ventrículos e pela alteração do volume de sangue nos ventrículos.
Além disso, alguns eventos mecânicos podem ser representados pelo fonocardiograma, uma gravação dos sons do coração ou bulhas cardíacas, que podem ser escutados durante um batimento cardíaco.
Um detalhe importante que você deve ter em mente é que os livros costumam apresentar apenas os valores médios de pressão e volume do coração esquerdo, ou seja, pressão da artéria aorta, pressão do átrio e ventrículo esquerdo, e volume do ventrículo esquerdo.
Porém, você precisa saber que esse diagrama também pode ser feito com os valores médios de pressão e volume do coração direito. A diferença é que no coração direito os valores de pressão são menores do que os valores de pressão do coração esquerdo, isso porque o coração direito precisa bombear o sangue apenas pra circulação pulmonar, enquanto o coração esquerdo precisa bombear o sangue pra toda circulação sistêmica. Por isso a gente usa o diagrama do coração esquerdo pra explicar o ciclo cardíaco.
Então, tendo em mente que a gente tá usando os valores médios de pressão e volume do coração esquerdo, vamos ver com mais detalhes todo o ciclo cardíaco no diagrama de Wiggers.
Bom, o ciclo começa quando um potencial de ação é gerado no nó sinoatrial, e os átrios rapidamente se despolarizam, um evento elétrico representado pela onda P do eletrocardiograma.
Esse evento inicia a contração atrial ou sístole atrial, que pode ser observada pelo aumento da pressão atrial, finalizando assim o enchimento do ventrículo que alcança o seu volume máximo durante o ciclo, o volume diastólico final ou VDF, que é basicamente o volume de sangue que tem dentro do ventrículo ao final da diástole ventricular, ou seja, logo antes do início da sístole ventricular.
Durante a sístole atrial, a pressão ventricular também aumenta de acordo com a pressão atrial, mas ainda assim essa pressão fica um pouco abaixo da pressão atrial.
Quando o potencial de ação chega nos ventrículos, e eles começam a despolarizar (evento elétrico representado pelo complexo QRS do eletrocardiograma) inicia-se a sístole ventricular, e isso acontece ao mesmo tempo que a diástole atrial, ou seja, que o relaxamento dos átrios.
Com a contração dos ventrículos, a pressão ventricular ultrapassa a pressão atrial, e causa o fechamento da valva atrioventricular esquerda que a gente chama de valva bicúspide ou mitral.
O fechamento dessa valva dá origem ao primeiro som do coração ou S1, um som mais grave, “tum”.
Com todas as valvas fechadas durante a sístole, a pressão aumenta sem alterar do volume ventricular, pois não tem pra onde o sangue fluir, e a gente fala que os ventrículos tão na fase de contração isovolumétrica.
Reparem que é possível observar um pequeno aumento da pressão atrial nesse momento, isso porque a valva mitral é pressionada em direção ao átrio, causando esse pequeno aumento da pressão atrial.
Quando a pressão ventricular ultrapassa a pressão dentro da artéria aorta, em torno de 80 mmHg, ocorre a abertura da valva semilunar aórtica, ou simplesmente valva aórtica, a valva que separa o ventrículo esquerdo da artéria aorta.
A contração ventricular continua elevando ainda mais pressão ventricular até em torno de 120 mmHg, durante a fase de ejeção ventricular.
Nessa fase, a pressão aórtica também aumenta de acordo com a pressão ventricular, porém, a pressão aórtica ainda fica um pouco abaixo da pressão ventricular.
A ejeção do sangue, do ventrículo pra artéria aorta, pode ser observada pela redução do volume de sangue no ventrículo.
Logo após atingir a pressão ventricular máxima, a gente pode observar a onda T do eletrocardiograma, que representa a repolarização dos ventrículos. Nesse momento o ventrículo começa a relaxar, dando início a diástole ventricular.
Com isso, a pressão ventricular diminui enquanto a pressão arterial consegue se manter elevada, graças a grande elasticidade da artéria aorta.
Quando a pressão arterial ultrapassa a pressão ventricular, a valva aórtica se fecha.
O fechamento dessa valva dá origem ao segundo som do coração ou S2, um som mais agudo “tá”, pra fechar assim os dois sons que a gente consegue ouvir, se a gente encostar o nosso ouvido no peito de alguém:
“tum tá, tum tá tum tá”
Um detalhe interessante é que durante o fechamento da valva aórtica, como a pressão ventricular acaba ficando menor que a pressão arterial, ocorre um pequeno refluxo do sangue da artéria pro ventrículo, e isso causa uma breve diminuição da pressão arterial, como podemos observar aqui no diagrama. Esse evento é chamado de incisura dicrótica.
Bom, agora com todas as valvas fechadas durante a diástole, a pressão ventricular diminui sem alteração do volume, e a gente fala que os ventrículos tão na fase de relaxamento isovolumétrico.
E preste atenção que o volume ventricular não chega a zero, ou seja, o ventrículo não ejeta todo o sangue, e ao final da sístole, sobra uma certa quantidade de sangue que a gente chama de volume sistólico final ou VSF.
Enquanto o ventrículo relaxa, o átrio tá recebendo sangue que chega pelas veias pulmonares, e a pressão atrial vai aumentando até que essa pressão ultrapassa a pressão ventricular, o que causa a abertura da valva mitral, permitindo agora o fluxo de sangue do átrio pro ventrículo, dando início a fase de enchimento ventricular.
O volume ventricular então vai aumentando até que, de novo, um potencial de ação é gerado no nó sinoatrial (NSA), dando origem a uma nova onda P, e um novo ciclo se repete.
E aí, achou complicado esse diagrama de Wiggers?
Se você tá com dificuldade, não se desespere. Respira, volta o vídeo e vai assistindo devagar. Pausa o vídeo a cada evento do ciclo cardíaco, anota. Se precisar, desenha o diagrama, vai internalizando todos os eventos do ciclo cardíaco devagar que você consegue!
Bom, então resumindo tudo que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:
O diagrama de Wiggers apresenta todos os eventos elétricos e mecânicos que acontecem durante um batimento cardíaco, ou seja, apresenta basicamente o ciclo cardíaco.
Enquanto os eventos elétricos são representados pelo eletrocardiograma, os eventos mecânicos são representados pela alteração da pressão arterial, da pressão atrial e ventricular, do volume ventricular e pelos sons do coração obtidos pelo fonocardiograma.
Ah, e antes de finalizar o vídeo, você pode tá se perguntando:
E o diagrama pressão-volume? Ele também não é usado pra falar do ciclo cardíaco?
Sim, ele é. Mas sobre esse diagrama a gente fala no próximo vídeo. Então já se inscreve no canal e ative as notificações pra não perder os próximos vídeos que a gente postar por aqui.
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Qualquer dúvida, pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo, abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. Atualmente, é professora de fisiologia humana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a mente criativa por trás do MK Fisiologia.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando fisiologia. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana.



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