
[#1] SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: Diferenças anatômicas
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#1] SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO PARASSIMPÁTICO E SIMPÁTICO: Diferenças anatômicas".
TRANSCRIÇÕESSISTEMA NERVOSO
Mirian Kurauti
8/25/20248 min read
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Eu sou Mirian Kurauti aqui do canal MK Fisiologia e nesse vídeo a gente vai começar a falar sobre o sistema nervoso autônomo (SNA).
Mas antes de falarmos sobre esse sistema, é importante deixar claro que o sistema nervoso autônomo (SNA) faz parte do sistema nervoso visceral, que assim como o sistema nervoso somático, apresenta uma divisão aferente ou sensorial e uma divisão eferente ou motora.
No caso do sistema nervoso visceral, a divisão eferente ou motora, é conhecida como sistema nervoso autônomo (SNA), que é o sistema que a gente vai começar a discutir nesse vídeo.
Então pra começar, não se esqueça que o sistema nervoso autônomo (SNA) é a divisão eferente ou motora do sistema nervoso visceral, portanto, a sua função é coordenar as atividades viscerais, ou melhor, coordenar as atividades dos diversos órgãos internos.
Pra isso, o sistema nervoso autônomo inerva diversos órgãos, como o coração, os pulmões, o trato gastrointestinal, os vasos sanguíneos, o pâncreas e as glândulas que produzem o suor, as glândulas sudoríparas.
E se o sistema nervoso autônomo controla o funcionamento desses e muitos outros órgãos que nem foram citados aqui, dá pra gente já ter uma ideia do tamanho da importância desse sistema no funcionamento do organismo.
Por exemplo, imagine a seguinte situação. Em um dia muito quente você revolve sair de casa. E como o ambiente tá quente demais, o seu corpo ganha calor e a sua temperatura corporal aumenta.
Pra corrigir essa alteração, o sistema nervoso autônomo (SNA) pode ativar glândulas sudoríparas, e estimular a produção de suor. Além disso, esse sistema pode promover a dilatação dos vasos que irrigam a sua pele, pra aumentar o fluxo sanguíneo na superfície do seu corpo, e você fica mais corado, mais vermelho. Esses dois efeitos contribuem pra aumentar a perda de calor do seu organismo, que consegue assim manter a temperatura praticamente constante.
E lembre-se que além de participar do controle da temperatura corporal, o sistema nervoso autônomo (SNA) também participa do controle de vários outros parâmetros corporais.
Portanto, podemos dizer que a principal função do sistema nervoso autônomo é contribuir pra manutenção do meio interno praticamente constante, ou seja, é contribuir pra homeostase do organismo, e como você deve saber homeostase é tudo, sem homeostase o organismo fica doente, o organismo morre. Então não tenha dúvida de que o sistema nervoso autônomo é vital.
Outras funções desse sistema, podem não ser vitais, mas são necessárias pro funcionamento adequado do organismo.
Por exemplo, quando você tá num ambiente pouco iluminado, a pupila do seu olho fica mais dilatada pra permitir a entrada da pouca luz que tem no ambiente, pra você conseguir enxergar melhor. Mas, quando você vai pra um ambiente super iluminado, a sua pupila contrai pra diminuir a entrada de luz que agora é muito, e pode até atrapalhar a visão se toda essa luz entrar no seu olho.
Esses e outros pequenos ajustes, também acontecem graças ao sistema nervoso autônomo (SNA).
E pra esse sistema fazer tudo isso, ele inerva basicamente três tipos de células diferentes: as fibras musculares cardíacas, que formam o músculo estriado cardíaco, as fibras musculares lisas, que formam o músculo liso, e as células glandulares, que constituem as glândulas.
E essa inervação é diferente da inervação do sistema somatomotor que inerva apenas as fibras musculares esqueléticas, que forma o músculo estriado esquelético.
Outra diferença entre o sistema nervoso autônomo e o sistema somatomotor tá na organização.
-Como assim?
No sistema somatomotor, o axônio do neurônio motor, cujo corpo celular tá localizado na coluna ventral ou anterior da substância cinzenta da medula espinal, inerva diretamente o músculo esquelético, enquanto no sistema nervoso autônomo, o axônio do neurônio motor, cujo corpo celular tá localizado na coluna lateral da substância cinzenta da medula espinal, forma uma sinapse no meio do caminho com outro neurônio em uma estrutura do sistema nervoso periférico (SNP) que a gente chama de gânglio.
Dessa forma, enquanto o primeiro neurônio é chamado de neurônio pré-ganglionar, pois termina no gânglio, o segundo neurônio é chamado de neurônio pós-ganglionar, pois começa no gânglio. É esse segundo neurônio que inerva o músculo cardíaco, o músculo liso e as glândulas.
Essa organização com neurônios pré e pós-sinápticos inervando os tecidos, é observada nas duas divisões do sistema nervoso autônomo, a divisão parassimpática e simpática.
Além dessas duas divisões, alguns livros acrescentam mais uma divisão do sistema nervoso autônomo, a divisão entérica, formada por neurônios pré- e pós-ganglionares de dois grandes plexos neurais localizados no interior da parede do trato gastrointestinal, o plexo mioentério e o submucoso.
Embora essa divisão tenha funções independentes das divisões parassimpática e simpática, essas duas últimas divisões podem enviar informações pra divisão entérica e assim participar do controle das funções gastrointestinais.
Nesse vídeo, a gente vai falar sobre as divisões parassimpática e simpática, pois a divisão entérica será abordada em outros vídeos quando a gente chegar no sistema digestório.
Bom, então pra começar a falar sobre o sistema parassimpático e simpático, podemos fazer uma primeira pergunta: Quais as diferenças entre esses dois sistemas?
Pra responder essa pergunta, a gente precisa saber que existem diferenças anatômicas e funcionais. Nesse vídeo, a gente vai mostrar as diferenças anatômicas entre os sistemas parassimpático e simpático.
Então começando pela divisão parassimpática, preste bastante atenção.
Olhando aqui nesse esquema bem simplificado, os neurônios pré-ganglionares do parassimpático se originam ou tem seus corpos celulares localizados em alguns núcleos específicos do tronco encefálico, e na coluna lateral da substância cinzenta da medula espinal, mais especificamente na região sacral nos seguimentos S2, S3 e S4.
Devido a localização dos neurônios pré-ganglionares no tronco encefálico, que fica dentro do crânio, e no segmento sacral da medula espinal, o sistema parassimpático às vezes é chamado de sistema craniossacral.
Além disso, percebam que no caso do sistema parassimpático, os gânglios, onde se formam as sinapses entre os neurônios pré- e pós-ganglionares, ficam localizados bem próximos aos órgãos alvo, isso quando o gânglio não se localiza na própria parede desses órgãos. Dessa forma, o neurônio pré-ganglionar costumar ter o axônio mais longo enquanto o neurônio pós-ganglionar costuma ter o axônio mais curto.
Agora indo pra divisão simpática, reparem que os neurônios pré-ganglionares desse sistema têm seus corpos celulares localizados apenas coluna lateral da substância cinzenta da medula espinal, mais especificamente na região torácica e lombar, entre os seguimentos T1 e L2. Por isso o sistema simpático às vezes é chamado de sistema toracolombar.
Ao deixar a medula espinal pela raiz ventral, o axônio do neurônio pré-ganglionar simpático entra em uma cadeia de gânglios paravertebrais, chamada de cadeia simpática, que você provavelmente viu lá na anatomia. Lembre-se que essa cadeia é bilateral, ou seja, tem uma em cada lado da medula espinal.
Ao chegar nessa cadeia de gânglios, o neurônio pré-ganglionar pode fazer sinapse com neurônios pós-ganglionares no gânglio paravertebral localizado, ao mesmo nível do segmento de onde o axônio saiu da medula espinal, ou em gânglios paravertebrais localizados em níveis acima, como aqui nesse exemplo, ou abaixo do segmento de onde o axônio saiu da medula espinal.
Dessa forma, os axônios dos neurônios pré-ganglionares são curtos, pois a maioria já faz sinapse nos gânglios paravertebrais das cadeias simpáticas que fica bem próximas da medula espinal. E claro, consequentemente, os axônios dos neurônios pós-ganglionares acabam sendo mais longos, percorrendo uma distância maior até chegar ao órgão alvo.
Alguns neurônios pré-ganglionares simpáticos não fazem sinapse nos gânglios paravertebrais da cadeia simpática, mas fazem sinapses em gânglios localizados fora dessa cadeia, chamados de gânglios pré-vertebrais ou simplesmente gânglios simpáticos.
Diferente dos gânglios parassimpáticos, esses gânglios não ficam tão próximos dos órgãos alvo e, portanto, o axônio desses neurônios pós-ganglionares simpáticos ainda acaba sendo mais longo do que o axônio dos neurônios pós-ganglionares parassimpáticos.
Agora uma informação importante!
Existe um órgão inervado apenas pelo sistema simpático que na verdade não é inervado pelo neurônio pós-ganglionar, mas sim pelo neurônio pré-ganglionar. Esse órgão é uma glândula que fica localizada em cima de cada rim, a glândula suprarrenal ou adrenal, isso porque ela secreta adrenalina, e também um pouco de noradrenalina.
Essa glândula é inervada diretamente por neurônios pré-ganglionares simpáticos. Esses neurônios não fazem nenhuma sinapse antes de chegar nessa glândula e, portanto, essa inervação é uma exceção do sistema simpático. Nesse caso, é como se as células inervadas atuassem como neurônios pós-ganglionares desse sistema.
Bom, pontuado as principais diferenças anatômicas dos sistemas parassimpático e simpático, agora a gente pode partir pras diferenças funcionais. Mas isso a gente deixa para o próximo vídeo, não perca!
Bom, então resumindo tudo que a gente viu nesse vídeo lembre-se que:
O sistema nervoso autônomo é a divisão eferente ou motora do sistema nervoso visceral, que inerva o músculo estriado cardíaco, o músculo liso, e as glândulas.
Esse sistema é dividido em sistemas parassimpático, simpático e entérico.
O sistema parassimpático, também conhecido como sistema craniossacral, apresenta neurônios pré-ganglionares longos e neurônios pós-ganglionares curtos, diferente do sistema simpático.
Os neurônios pré-ganglionares do sistema simpático podem fazer sinapse com neurônios pós-ganglionares localizados, nos gânglios paravertebrais da cadeia simpática, ou nos gânglios pré-vertebrais simpáticos.
Além disso, neurônios pré-ganglionares do sistema simpático podem inervar diretamente a glândula suprarrenal, também conhecida como adrenal.
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Qualquer dúvida, pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo. Abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. Atualmente, é professora de fisiologia humana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a mente criativa por trás do MK Fisiologia.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando fisiologia. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana.



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