VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES

Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES".

TRANSCRIÇÕESSISTEMA RESPIRATÓRIO

Mirian Kurauti

11/6/20248 min read

Volume corrente, volume de reserva inspiratório, volume de reserva expiratório, volume residual... caramba, quanto volume pulmonar, e lembra que ainda tem as capacidades pulmonares. Como eu vou lembrar disso tudo? Calma, respira fundo até o seu volume de reserva inspiratório, e vem comigo tentar entender todos os volumes e todas as capacidades pulmonares.

E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Eu sou Mirian Kurauti, aqui do canal MK Fisiologia, um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Porque, como eu sempre digo, fisiologia não precisa ser difícil. Então, se você tá precisando entender de verdade a fisiologia, já se inscreve no canal e ative as notificações pra você não perder os próximos vídeos que a gente postar por aqui.

E aí? bora falar sobre os volumes e capacidades pulmonares?

De forma resumida, a gente tem 4 volumes pulmonares e 4 capacidades pulmonares.

Os volumes pulmonares são volumes de ar que a gente encontra nos pulmões em momentos específicos, e as capacidades pulmonares são as somas de alguns volumes pulmonares. Então como as capacidades derivam dos volumes pulmonares, vamos falar primeiro sobre os volumes pulmonares.

Pra começar, lembre-se que quase todos esses volumes podem ser medidos durante um teste de função pulmonar, que pode ser realizado usando um espirômetro, isto é, um instrumento capaz de medir o volume de ar que entra e sai dos pulmões a cada respiração.

Nos livros de fisiologia, você vai encontrar o espirômetro tradicional, que tem tipo um cilindro oco preenchido com ar, boiando na água que preenche um outro cilindro oco. E aí por dentro desse cilindro com água, passa um tubo que eu conecto na boca da pessoa, que vai tá com o nariz tampado com um clipe. Quando a pessoa inspira, ela puxa o ar que tava aqui dentro do cilindro, e como o volume de ar diminui, o cilindro desce.

Repare que esse cilindro tá conectado com uma caneta através de um sistema de roldanas. Então, quando a pessoa inspira, o cilindro desce e a caneta sobe e ela vai fazendo um risco pra cima, no papel que vai tá lá passando na frente da caneta. Mas quando a pessoa expira, ela joga o ar pra dentro do cilindro, e agora o volume de ar aumenta e o cilindro sobe. Quando o cilindro sobe, a caneta desce e ela vai fazendo um risco pra baixo, no papel que vai tá lá passando na frente da caneta.

Então é basicamente assim que funciona um espirômetro tradicional, a caneta vai desenhando a inspiração e a expiração num papel que tem uma escala de volume, aí dá pra saber quanto de ar tá entrando e saindo dos pulmões.

Embora esse tipo de espirômetro ainda é apresentado em praticamente todos os livros de fisiologia, hoje se você for fazer um teste de função pulmonar, você não vai ver mais esse trambolho todo, hoje a gente tem os espirômetros digitais. E aí o gráfico que era desenhado pela canetinha, agora já sai em um dispositivo eletrônico, tudo digital.

Bom, agora que vocês viram como um espirômetro tradicional funciona, vamos aos volumes medidos por um espirômetro.

Durante uma respiração, você inspira e expira um determinado volume de ar, esse volume de ar que entra e sai pela sua boca é o que a gente chama de volume corrente.

Durante uma respiração normal tranquila, esse volume fica em torno de quinhentos ml, ou seja, durante uma respiração tranquila quinhentos ml entra, durante a inspiração, e 500 ml sai, durante a expiração.

Mas, se você fazer uma inspiração forçada, e você inspirar o máximo de ar que você conseguir, você vai ter um outro volume pulmonar, o volume de reserva inspiratório, que fica em torno de 3000 ml.

E, se você fazer uma expiração forçada, e você expirar o máximo de ar que você conseguir, você vai ter um outro volume pulmonar, o volume de reserva expiratório, que fica em torno de 1100 ml.

Agora, repare que mesmo você expirando o máximo de ar que conseguir, os pulmões não se esvaziam completamente, ou seja, mesmo forçando o máximo a sua expiração ainda vai sobrar um restinho de ar lá dentro, que a gente chama de volume residual.

Presta atenção. O volume residual não dá pra ser medido em um espirômetro, afinal você não consegue soprar esse volume de ar pra fora dos pulmões, aí pra medir esse volume tem que usar outro método que aqui nesse momento não vem ao caso, por que não é o objetivo desse vídeo.

O que eu quero que você se lembre é que esse volume residual não sai dos pulmões porque os pulmões estão “colados” na caixa torácica, graças aquela pressão intrapleural negativa que existe no espaço intrapleural. Então mesmo forçando o máximo a expiração, vai chegar um momento que a caixa torácica não vai comprimir mais, e os pulmões que estão “colados” nessa caixa, também não vai se retrair mais que isso, e aí vai sobrar um restinho de ar lá dentro, que fica em torno de 1200 ml.

E não se esqueça que é super importante sobrar esse volume residual lá dentro dos pulmões, porque se não sobrasse nada, os pulmões iriam colapsar e aí pra encher esse pulmões completamente retraídos, ia ser muito difícil e ia exigir um esforço muito grande.

É só pensa em uma bexiga. É mais fácil encher uma bexiga que já tem um pouco de ar, ou uma bexiga completamente vazia?

Deu pra entender o exemplo né.

Bom, então esses são os volumes pulmonares: volume corrente, volume de reserva inspiratório, volume de reserva expiratório e volume residual.

-Tá mas e as capacidade pulmonares?

Uma vez que a gente conseguiu obter os volumes, a gente consegue as capacidades, porque elas vão ser a soma de dois ou mais volumes pulmonares.

-Como assim?

Se você somar o volume corrente e o volume de reserva inspiratório, você tem a capacidade inspiratória, que é basicamente o volume de ar inspirado durante um esforço inspiratório máximo, ou seja, durante uma inspiração forçada máxima.

Se você somar o volume corrente mais o volume de reserva inspiratório e o volume de reserva expiratório, você tem a capacidade vital, que é basicamente o volume de ar expirado após uma expiração forçada máxima, que se iniciou após uma inspiração forçada máxima. Ou seja, inspirei o máximo que eu consigo... agora vou expirar o máximo que eu consigo... todo esse ar que eu exalei corresponde a capacidade vital.

Se você somar o volume de reserva expiratório e o volume residual, você tem a capacidade residual funcional, que é basicamente o volume de ar que permanece nos pulmões ao final de uma expiração tranquila.

E por fim, se você somar todos os volumes pulmonares, você tem a capacidade pulmonar total, que é basicamente o volume de ar que vai ter nos pulmões, depois de um esforço inspiratório máximo, ou seja, depois que você fizer uma inspiração forçada máxima.

Uma informação importante que você deve ter em mente, é que esses valores de volumes e capacidades variam de acordo com o sexo, a idade, o tamanho e até mesmo de acordo com o nível de treinamento de um indivíduo.

Esses valores normalmente apresentados nos livros são valores médios pra um homem jovem saudável. Pra mulheres jovens saudáveis, os volumes e as capacidade pulmonares são cerca de 20 a 30 % menores do que nos homens.

Outra informação importante, é que em um mesmo indivíduo esses valores podem ser alterados, só de mudar de postura. Por exemplo, só de mudar da posição em pé pra posição deitado de barriga para cima, ou melhor em decúbito dorsal, o volume de reserva inspiratório diminui, diminuindo a capacidade residual funcional.

Mas o mais importante são as alterações dos volumes e capacidades pulmonares que aparecem nas doenças pulmonares, e por isso estudar esses volumes e capacidades pode ser muito útil para diferenciar doenças pulmonares restritivas e obstrutivas, por exemplo.

Nas doenças restritivas, como por exemplo a fibrose pulmonar, a complacência diminui, ou seja, é difícil esticar os pulmões, e os volumes pulmonares são reduzidos.

Já nas doenças obstrutivas, como por exemplo no enfisema, as vias aéreas podem colapsar durante a expiração, aumentando e muito a resistência ao fluxo de ar. Isso faz com que muito ar fique preso nos pulmões durante a expiração forçada, por isso o volume residual aumenta, ou seja, acaba sobrando mais ar nos pulmões do que normal, e isso acaba aumentando a capacidade residual funcional e a capacidade pulmonar total, enquanto a capacidade vital diminui.

Bom, então resumindo tudo o que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:

  • Volume corrente é o volume de ar que entra e sai dos pulmões durante uma respiração;

  • Volume de reserva inspiratório é o volume máximo de ar que pode entrar nos pulmões durante uma inspiração forçada máxima;

  • Volume de reserva expiratório é o volume máximo de ar que pode sair dos pulmões durante uma expiração forçada máxima;

  • E o volume residual é o volume de ar que fica nos pulmões, mesmo após uma expiração forçada máxima.

  • Agora, se a gente somar o volume corrente mais o volume de reserva inspiratório, a gente tem a capacidade inspiratória;

  • Se a gente somar o volume corrente mais o volume de reserva inspiratório e mais o volume de reserva expiratório, a gente tem a capacidade vital;

  • Se a gente somar o volume de reserva expiratório e o volume residual, a gente tem a capacidade residual funcional;

  • E se a gente somar todos os volumes pulmonares, a gente tem a capacidade pulmonar total.

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Bom, a gente vai ficando por aqui, qualquer dúvida, pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo, abraço!

Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.

Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia
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