POR QUE NÃO TEMOS CÃIBRA NO CORAÇÃO?

Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "POR QUE NÃO TEMOS CÃIBRA NO CORAÇÃO?".

TRANSCRIÇÕESSISTEMA CARDIOVASCULAR

Mirian Kurauti

8/18/20244 min read

Se o coração é um músculo, por que a gente não tem cãibra no coração?

E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Eu sou Mirian Kurauti aqui do canal MK Fisiologia e nesse vídeo a gente vai entender por que não é possível ter cãibras no coração.

Bom, você provavelmente já deve ter tido cãibra em algum músculo esquelético. E quando isso acontece, você sente o músculo rígido e uma dor quase insuportável.

O músculo fica rígido porque ele tá num estado de tensão máxima que a gente chama de tétano ou tetania.

Relembrando, a tetania acontece quando as fibras musculares esqueléticas disparam potenciais de ação em intervalos muito curtos, tão curtos que nem dá tempo das fibras relaxarem antes de começar o próximo potencial de ação.

Acontece então uma somação de contrações musculares, ou abalos musculares, ou seja, a cada potencial de ação, a tensão de uma contração se soma com a tensão da contração anterior, gerando cada vez mais tensão, mais força, até atingir uma tensão máxima.

E mesmo se os potenciais de ação continuarem sendo disparados em alta frequência, a tensão não aumenta, mas é mantida por um período, até que esses potenciais de ação terminem, ou até que a fibra entre em fadiga.

Essa alta frequência de potenciais de ação que pode acontecer no músculo esquelético, causando a tetania, não pode acontecer no músculo cardíaco.

E a pergunta que não quer calar: por que essa alta frequência de potenciais de ação não pode acontece no músculo cardíaco?

Pra responder essa pergunta a gente precisa comparar os potenciais de ação que acontece nas fibras esqueléticas e nas fibras cardíacas.

Bom, primeiro, esses dois potenciais de ação se iniciam quando os canais de sódio dependentes de voltagem são ativados, e o sódio entra trazendo muitas cargas positivas, despolarizando a membrana até o pico do potencial de ação.

Nesse momento, quando a membrana tá despolarizada, os canais de sódio são inativados, ou seja, não dá pra abrir esses canais enquanto a membrana tiver despolarizada. E se não dá pra abrir esses canais, não tem como gerar um novo potencial de ação.

Esse período do potencial de ação, em que não é possível gerar um novo potencial de ação, é chamado de período refratário absoluto, pra diferenciar do período refratário relativo, em que um número suficiente de canais de sódio já se recuperou da inativação e pode iniciar um novo potencial de ação.

Se você não lembrar desses períodos refratários, dá uma olhada aqui no card (ou aqui) pra depois assistir uma videoaula completa sobre esses períodos refratários do potencial de ação que acontece nos neurônios.

Mas voltando, aqui nos potenciais de ação das fibras esqueléticas e cardíacas, reparem que devido ao platô do potencial de ação que acontece nas fibras cardíacas, o período refratário absoluto nessas fibras é maior, ou seja, como demora mais pra membrana repolarizar, demora mais pros canais de sódio se recuperarem da inativação, causada pela despolarização da membrana.

Nesse período refratário absoluto, mesmo que a fibra seja estimulada, não dá pra disparar um novo potencial de ação, isso porque muitos canais de sódio ainda estão inativos.

Então, durante esse período refratário absoluto que acontece nas fibras cardíacas, dá tempo das fibras se contrair e relaxar antes que o próximo potencial de ação seja finalmente disparado.

E se dá tempo pra fibra relaxar, as contrações musculares não podem se somar, e a tetania não pode acontecer no músculo cardíaco.

É por esse motivo que a gente não tem cãibra no coração. Legal né?

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Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. Atualmente, é professora de fisiologia humana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a mente criativa por trás do MK Fisiologia.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando fisiologia. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana.

Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia
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