
Por que ficamos tontos depois de girar?
Este post é baseado no vídeo "POR QUE FICAMOS TONTOS DEPOIS DE GIRAR?" publicado em nosso canal do YouTube. Caso prefira assistir o vídeo é só rolar até o final do post ;)
CURIOSIDADES
Mirian Kurauti
7/25/20246 min read


Você com certeza já experimentou ficar girando, girando e girando. E quando parou de girar, ficou completamente tonto e perdeu o equilíbrio. Mas, você sabe por que a gente fica tonto quando a gente roda, roda e roda, e de repente para de rodar?
Nesse post, você vai entender por que ficamos tontos depois girar, girar e girar. Mas pra entender por que isso acontece, primeiro precisamos entender como o nosso corpo mantém o equilíbrio.
Como o corpo mantém o equilíbrio?
Para manter o equilíbrio, lá no fundo do ouvido, associado a uma estrutura que tem a forma de um caracol chamada de cóclea (responsável pela audição), existe uma outra estrutura que parece três alças saindo de um compartimento chamada de aparelho vestibular, o famoso labirinto.
As três alças do labirinto são chamadas de canais semicirculares e o compartimento tem duas "bolsas" chamadas de órgãos otolíticos.
Os órgãos otolíticos informam o seu cérebro sobre a posição da sua cabeça, tanto no eixo vertical, isto é, se a sua cabeça está inclinada pra baixo ou pra cima, como também no eixo horizontal, isto é, se a sua cabeça está inclinada para um lado ou para o outro. Essas informações são importantes para o seu cérebro saber exatamente os músculos que ele deve contrair para manter o equilíbrio do corpo.
Por exemplo, fique de pé e incline a sua cabeça para o lado direito. Perceba como o músculo da sua coxa direita se contrai para não deixar o seu corpo cair para o lado direito. E se você inclinar a sua cabeça para o outro lado, para o lado esquerdo, a mesma coisa acontece, o músculo da sua coxa esquerda agora vai contrair mais forte para não deixar o seu corpo cair para esse lado.
Além disso, os órgãos otolíticos também informam o seu cérebro sobre a aceleração da sua cabeça no eixo vertical, isto é, se a sua cabeça está descendo ou subindo como acontece em um elevador, e no eixo horizontal, isto é, se a sua cabeça está indo para frente ou para trás como acontece quando você está dentro de um ônibus que está indo para frente ou para trás (andando em macha ré).
Essas informações também são importantes para o seu cérebro saber exatamente quais músculos ele deve contrair para manter o equilíbrio do corpo, e por isso você raramente cai quando o motorista do ônibus freia de repente.
Então como você pode perceber, os órgãos otolíticos só informam o seu cérebro sobre a posição estática da cabeça, ou seja, a sua inclinação, e os movimentos lineares ou movimentos retos que a sua cabeça faz, para cima, para baixo, para frente, para trás, para o lado, e para o outro.
"Mas, e quando a gente faz movimentos angulares com a cabeça, ou seja, e quando a gente gira a nossa cabeça?"
Aí entra em cena os canais semicirculares. Esses canais são preenchidos por um líquido, então quando a gente gira a cabeça, a estrutura do canal gira também, junto com a cabeça, mas como o líquido não está "grudado" na estrutura, ele tende a ficar parado e acaba exercendo uma força na direção oposta ao giro da cabeça.
É a mesma coisa que acontece quando você tem um copo com água e puxa ele pra uma direção. A água tende a ficar parada e acaba exercendo uma força na direção oposta ao movimento do copo.
Assim, quando giramos a cabeça, o líquido dentro do canal semicircular tende a ficar parado, e acaba exercendo uma força na direção oposta ao movimento realizado, e é essa força que vai ser detectada para informar o seu cérebro que a sua cabeça está girando, e assim ele aciona músculos específicos para não deixar o seu corpo cair enquanto você gira a cabeça.
Um detalhe interessante é que em cada labirinto existem três canais semicirculares, que podem detectar os giros que a sua cabeça faz, em três eixos diferentes (x, y e z).
O que eu acabei de explicar acontece, por exemplo, quando você gira a cabeça para um lado e para o outro, para cima e para baixo. Mas, e se você ficar rodando a cabeça sem parar, o que acontece?
O que acontece quando giramos a cabeça sem parar?
Pra entender o que acontece quando giramos a cabeça sem parar, vamos voltar ao nosso exemplo do copo com água. Se você só puxar o copo para uma direção, a água tende a ficar parada gerando uma força na direção oposta.
Mas, agora imagine o que acontece se a gente ficar rodando o copo sem parar. A água começa a se mover na mesma direção do movimento do copo. E aí, caso de repente você para de rodar o copo, a água vai continuar se movendo na direção que o copo estava rodando.
Isso também acontece lá dentro dos canais semicirculares, quando você fica rodando e de repente para. No momento que você para de rodar, o líquido que preenche esses canais, tende a continuar no movimento que ele estava enquanto a sua cabeça estava rodando.
Portanto, mesmo que você já tenha parado de rodar, o movimento do líquido continua informando o seu cérebro que você ainda está rodando. E aí, os músculos que estavam sendo contraídos para manter o seu equilíbrio, enquanto você estava girando, continuam sendo contraídos. Mas como agora, na verdade, você está parado, a contração desses músculos te leva para o lado oposto ao qual você estava rodando, e você pode cair para esse lado oposto. Legal né?
Espero que você tenha gostado desse post. Se você gostou, compartilhe com seus amigos que também gostam de curiosidades como essa.
Ah, aqui embaixo eu deixo a versão desse post em vídeo caso queira compartilhar esse conteúdo nesse formato.
A gente se vê num próximo post, abraço!
Referências utilizadas
BEAR, M. et al. Neurociências – Desvendando o sistema nervoso, 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2017 👉 https://amzn.to/3rTcEF7
SILVERTHORN, D. Fisiologia humana: uma abordagem integrada, 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2017 👉 https://amzn.to/3BEaMnf










Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. Atualmente, é professora de fisiologia humana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a mente criativa por trás do MK Fisiologia.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando fisiologia. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana.



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