
O QUE É CLEARANCE RENAL OU DEPURAÇÃO RENAL?
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "O QUE É CLEARANCE RENAL OU DEPURAÇÃO RENAL?".
TRANSCRIÇÕESSISTEMA RENAL
Mirian Kurauti
9/25/20248 min read
Depuração renal ou clearance renal é um conceito muito importante dentro da fisiologia do sistema renal. Mas você saberia explicar exatamente o que é clearance renal? Não? Mais ou menos? Quer entender de verdade o que é clearance renal? Então fica nesse vídeo que a gente vai explicar o que é o clearance renal, e qual a sua importância dentro da fisiologia do sistema renal.
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Pra quem tá chegando agora, eu sou Mirian Kurauti, professora, mestre, doutora, e criadora do canal MK Fisiologia, um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Porque como eu sempre digo, fisiologia não precisa ser difícil. Então se você tá precisando entender de verdade a fisiologia, já se inscreve no canal e ative as notificações pra você não perder os próximos vídeos que a gente postar por aqui.
Agora sem mais delongas, bora tentar entender o que é clearance renal?
Pra entender o que é clearance renal ou depuração renal, primeiro a gente precisa entender o que significa o termo clearance ou depuração.
Então de modo geral, clearance ou depuração nada mais é do que uma medida da velocidade com que uma substância é removida da circulação sanguínea, ou melhor, do plasma, ou seja, é uma medida da remoção plasmática de uma determinada substância, que acontece dentro de um intervalo de tempo.
Dependendo da substância, ela pode ser removida do plasma através de vários mecanismos, seja através da sua metabolização no fígado, eliminação nas fezes ou através da sua eliminação na urina. Além disso, algumas substâncias voláteis ainda podem ser eliminadas através da respiração, ou seja, algumas substâncias podem ser exaladas.
Então quando a gente usa apenas o termo clearance ou depuração, estamos nos referindo a remoção de uma substância do plasma por meio de qualquer um dos mecanismos citados. Mas quando a gente usa o termo clearance renal ou depuração renal, estamos nos referindo apenas a remoção de uma substância do plasma através da sua excreção renal, ou melhor, através da sua excreção na urina.
-Ah professora, tranquilo então, clearance renal é uma forma de medir a velocidade com que uma substância é removida do plasma por meio da sua excreção na urina, certo?
Certo, mas agora, a pergunta que fica é:
-Como a gente mede essa velocidade de remoção de uma substância do plasma por meio da sua excreção na urina, como a gente mede o clearance renal de uma substância?
Então agora preste bastante atenção. A unidade de medida do clearance renal de uma substância é volume por tempo, como por exemplo, ml por minuto (ml/min). Nessa unidade de medida o volume é o volume de plasma que fica totalmente livre de uma substância dentro de um intervalo de tempo.
-Pera aí professora, volume de plasma que fica totalmente livre de uma substância dentro de um intervalo de tempo?
Vamos supor que uma substância X tem um clearance renal de 100 ml por minuto, isso significa dizer que a cada minuto os rins “limpam” 100 ml de plasma que estavam “sujos” com uma determinada quantidade da substância X. Em outras palavras, a cada minuto, 100 ml de plasma ficam livres da substância X, depois de passar pelos rins, os quais excretam essa substância X na urina.
-Pera aí professora, eu acho que ainda tá um pouco confuso?
Então presta atenção, se o conceito de clearance renal de uma substância ainda tá um pouco confuso na sua cabeça, vamos tentar simplificar usando a sua imaginação.
Imagine que toda a parte líquida do sangue, ou seja, que todo o plasma tá contido dentro de milhares de "mini ônibus" que circulam pelo seu sistema circulatório. Cada um desses mini ônibus contém um volume de 1 ml de plasma, o qual que pode ser distribuído pelo organismo.
Agora, imagine que a cada minuto, 625 mini ônibus passam pelos rins, mas de todos esses mini ônibus apenas 125 abrem a sua porta e deixam os seus 125 ml de plasma pra serem filtrados nos glomérulos, ou seja, a cada minuto, 125 ml de plasma são filtrados nos rins, e como a gente viu nos vídeos anteriores, isso corresponde a taxa de filtração glomerular ou TFG.
Em cada 1 ml de plasma que tão dentro dos mini ônibus tem 1 molécula da substância X.
Então sabendo que a substância X consegue passar livremente pelas barreiras de filtração, todas as 125 moléculas dessa substância X que estavam no plasma dos 125 mini ônibus que abriram as suas portas, são filtradas.
Mas, conforme o plasma e as moléculas da substância X vão passando pelos túbulos dos néfrons, quase todo o plasma é reabsorvido ficando apenas um pouco de líquido no túbulo, nesse exemplo, apenas 1 ml daqueles 125 ml que foram filtrados, afinal de contas, pelo menos um pouco de líquido precisa ficar nesses túbulos pra formar a urina, a gente não faz uma urina sólida né? Imagina fazer xixi em pó?
Porém, a substância X é uma substância que não pode ser reabsorvida. Então, é como se quase todos os 125 ml de plasma, nesse exemplo, 124 ml de plasma que foram filtrados, voltassem pro sistema circulatório e entrassem novamente em seus mini ônibus, mas agora livre da substância X, a qual vai seguir pelo sistema urinário pra ser excretada na urina. Ou seja, a cada minuto cerca de 124 ml de plasma que foram filtrados, voltam pra circulação sanguínea “livres” da substância X.
Portanto, podemos dizer que o clearance renal da substância X é igual a 124 ml por minuto, ou melhor, praticamente 125 ml por min (ml/min).
Reparem que o clearance renal da substância X que é livremente filtrada, mas que não é reabsorvida e nem secretada nos túbulos dos néfrons, é igual a taxa de filtração glomerular. E é por isso que determinar o clearance renal de uma substância com essas características da substância X, pode ser utilizada pra medir a taxa de filtração glomerular, o que é importante pra saber como tá a função dos rins. Qualquer diminuição dessa taxa de filtração glomerular, pode indicar uma doença renal.
-Tá professora, mas então como faz pra gente saber o clearance renal de uma substância?
Pra responder essa pergunta, pensa comigo:
“na natureza nada se perde”, então tudo que eu tirar do plasma, tem que ir pra algum lugar, no caso, tem que ir pra urina”.
Portanto, a quantidade de uma substância removida do plasma dentro de um intervalo de tempo, tem que ser igual a quantidade dessa substância excretada na urina nesse mesmo intervalo de tempo. Certo?
Se eu quiser saber a quantidade de uma substância removida do plasma por minuto, basta eu multiplicar a sua concentração dessa substância no plasma antes de passar pelos rins, pelo volume de plasma que ficou livre dessa substância depois de passar pelos rins, que nada mais é do que o clearance renal.
E se eu quiser saber a quantidade de uma substância que foi excretada na urina por minuto, basta eu multiplicar a sua concentração na urina, pelo fluxo urinário, ou melhor, pelo volume de urina excretada por minuto.
Agora, de todos essas variáveis, é possível medir a concentração da substância no plasma, através de um exame de sangue, e a concentração dessa mesma substância na urina, através de um exame de urina.
O fluxo urinário também é possível medir, coletando o volume de urina excretada dentro de um intervalo de tempo. O único fator que não dá pra medir diretamente é o clearance renal.
A gente pode isolar essa variável, ou seja, o clearance renal, em um lado da igualdade.
Então, como a concentração no plasma tava multiplicando, ela passa pro outro lado da igualdade dividindo. E aí pronto, agora a gente vai ter a fórmula do clearance renal que pode ser usada pra calcular o clerance renal de qualquer substância filtrada nos glomérulos.
E só pra mostrar pra você que essa fórmula funciona, vamos voltar no exemplo do mini ônibus que a gente usou pra explicar o conceito de clearance renal.
A concentração plasmática da substância X antes de passar pelos rins era de 125 moléculas em cento e vinte e cinco ml de plasma, ou seja, 1 molécula por ml.
Como 124 ml do plasma era reabsorvido, sobrava dentro dos túbulos 125 moléculas em 1 ml, ou seja, a concentração da substância X na urina, seria de 125 moléculas por ml.
Por fim, lembre-se que por minuto tá sendo produzido então apenas 1 ml de volume de urina. Portanto, o fluxo urinário é de apenas 1 ml de urina sendo excretada por minuto.
Então resolvendo a equação aqui de cabeça, nós temos que o clearance renal da substância X é igual a 125 ml por minuto. O que é praticamente o que a gente tinha mostrado no nosso exemplo.
E como a gente já tinha comentado, o clearance renal dessa substância X, assim como de qualquer outra substância que seja filtrada livremente, mas que não é nem reabsorvida e nem secretada, é igual a taxa de filtração glomerular ou TFG.
Assim é possível utilizar o clearance renal de algumas substâncias com essas características pra se obter a TFG e assim verificar a função renal.
No próximo vídeo a gente explica que substâncias são essas cujo o clearance renal, pode ser usado pra medir a TFG, não perca!
Bom, então resumindo tudo o que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:
O clearance renal de uma substância é o volume de plasma que fica totalmente livre dessa substância após passar pelos rins.
Como vimos, o clearance renal de uma substância pode ser calculado através da seguinte fórmula:
Clearance renal de uma substância é igual a concentração dessa substância na urina multiplicado pelo fluxo urinário, dividido pela concentração dessa substância no plasma.
Quando uma substância é filtrada livremente, mas não é nem reabsorvida e nem secretada, o seu clearance renal equivale a taxa de filtração glomerular ou TFG.
E aí gostou do vídeo? Se gostou, comenta aí embaixo e compartilha com aquele seu amigo que também tá precisando estudar esse conteúdo.
E se você gostou muito, mas muito mesmo, e quiser contribuir ainda mais com o canal, considere se tornar membro do canal, isso vai ajudar muito a gente a continuar produzindo cada vez mais vídeos por aqui, e você ainda pode ter benefícios exclusivos. Clique no botão seja membro e confira os benefícios.
Bom, a gente vai ficando por aqui, qualquer dúvida, pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo, abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.



Siga-nos nas redes
© 2024 MK Fisiologia. Todos os direitos reservados.