Introdução à Fisiologia do Sistema Renal

Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA DO SISTEMA RENAL".

TRANSCRIÇÕESSISTEMA RENAL

Mirian Kurauti

9/6/20249 min read

E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Eu sou Mirian Kurauti aqui do canal MK Fisiologia, e nesse vídeo a gente vai fazer uma introdução sobre a fisiologia do sistema renal.

Mas antes de começar essa introdução, não se esqueça de se inscrever e ativar as notificações, pra você não perder os próximos vídeos que a gente postar nesse aqui nesse canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Porque como eu sempre digo, fisiologia não precisa ser difícil.

Agora sim, bora começar estudar a fisiologia do sistema renal?

Bom, então pra começar, o sistema renal como o próprio nome diz, é composto pelos rins, os quais fazem parte do sistema excretor ou sistema urinário, que tem esse nome porque participa da excreção de substâncias através da urina.

O sistema urinário é composto pelos rins que produzem a urina, ureteres que conduzem a urina pra bexiga, a qual armazena essa urina. E pra eliminar a urina armazenada, ainda temos a uretra, que conduz a urina pro meio externo, ou seja, pra fora do organismo.

Mas lembre-se, são os rins que produzem a urina, por isso a gente foca nesses órgãos do sistema urinário, a gente foca no sistema renal.

-Tá professora, então a função dos rins é só produzir a urina?

Na verdade, os rins podem produzir urina com diferentes concentrações de água e outras substâncias dependendo da necessidade do organismo, e é graças a isso que os rins podem regular vários parâmetros do organismo afim de manter a homeostase ou homeostasia.

Então não se esqueça que embora a primeira função renal que vem na nossa cabeça seja a excreção de substâncias através da urina, a principal função renal, na verdade é a função de regulação:

  • regulação do volume de líquidos corporais e consequentemente da pressão arterial,

  • regulação da concentração do íon sódio contribuindo assim pra regulação da osmolaridade dos líquidos corporais,

  • regulação de outros íons importantes como o potássio, o cálcio e o fosfato,

  • e regulação do pH dos líquidos corporais através da regulação da concentração dos íons hidrogênio e bicarbonato, participando assim da regulação do equilíbrio ácido-base.

Ou seja, os rins são importantes órgãos homeostáticos, pois participam da homeostase dos líquidos corporais, e tudo isso graças a sua capacidade de produzir urina com diferentes concentrações de água e outras substâncias, e também graças a sua função endócrina.

Os rins produzem uma enzima chamada renina que é necessária pra síntese do hormônio angiotensina II, importante pra regulação do volume dos líquidos corporais e, consequentemente, da pressão arterial.

Outras funções endócrinas do rim incluem a produção do hormônio calcitriol, a forma ativa da vitamina D, que participa da regulação da concentração dos íons cálcio e fosfato no organismo, e produção do hormônio eritropoietina, que estimula a produção de hemácias na medula óssea.

Portanto, os rins tem muitas funções. Mas aqui a gente vai forcar nas funções que depende da produção da urina que pode ter diferentes concentração de água e outras substâncias dependendo da necessidade do organismo.

Então, nesse e nos próximos vídeos, a gente vai explicar basicamente, como os rins formam uma urina com diferentes concentrações de água e outras substâncias, como por exemplo o íon sódio.

Mas, pra começar a entender como acontece a formação da urina nos rins, a gente precisa falar um pouco mais sobre os rins.

Bom, os rins estão localizados logo abaixo do diafragma, atrás do peritônio, por isso que a gente precisa tirar o peritônio e os órgãos associados, pra poder ver os rins, um em cada lado da coluna vertebral.

Cortando um rim ao meio, ou seja, fazendo uma secção transversal de um rim, a gente consegue observar duas porções: uma porção externa, mais clara, o córtex, e outra porção interna, a medula.

Na medula, podemos observar várias regiões mais escuras chamadas de pirâmides renais. Enquanto a base dessas pirâmides fica voltada pro córtex, o ápice forma a papila renal que direciona a urina produzida no córtex e na medula renal, para o cálice renal. Do cálice, a urina segue pra pelve renal, e então pro ureter, que conduz a urina até a bexiga, onde ela pode ficar armazenada.

Bom, então quer dizer que a urina é produzida no córtex e na medula dos rins. Mas a pergunta que fica é:

-Como a urina é produzida no córtex e na medula renal?

Pra começar a responder essa pergunta a gente precisa saber que entre o córtex e a medula, além dos vasos e dos nervos, a gente tem milhares de estruturas microscópicas chamadas de néfrons.

Cada rim humano contém cerca de 1 milhão de néfrons.

-Mas o que é exatamente um néfron?

Preste atenção, o néfron é formado por um componente vascular e um componente tubular.

O componente vascular que forma o néfron é chamado de glomérulo, que é basicamente um emaranhado de capilares sanguíneos, chamados de capilares glomerulares, formando como se fosse um novelo de lã.

Esses capilares se originam de uma pequena arteríola chamada de arteríola aferente, porque tá trazendo o sangue que vai ser filtrado nesses capilares, e o que não for filtrado vai ser drenado pra arteríola eferente, que sai do glomérulo e leva embora o sangue que ficou nos capilares glomerulares.

Já o componente tubular que forma o néfron começa com uma cápsula que envolve o glomérulo, essa cápsula a gente pode chamar de cápsula glomerular ou cápsula de Bowman. Juntos, glomérulo e cápsula de Bowman formam o que chamamos de corpúsculo renal.

Observe que a cápsula de Bowman forma tipo um compartimento, ou seja, tem um espaço interno que a gente chama de espaço de Bowman.

Tudo que for filtrado do sangue vai entrar nesse espaço de Bowman o qual é contínuo com o interior ou lúmen do túbulo do néfron. É nesse túbulo que o líquido que foi filtrado do sangue vai passando e sofrendo modificações na sua composição através de dois processos:

  1. reabsorção, um processo que retira componentes desse líquido e joga de volta pro sangue,

  2. e secreção, um processo que pode pegar componentes do sangue que já tinham passado pelos capilares glomerulares e jogá-los no interior do túbulo, onde vai tá passando o líquido filtrado.

O que exatamente é reabsorvido ou secretado ao longo do túbulo varia pois, as células epiteliais que revestem a parede do túbulo também variam ao longo do túbulo.

Por isso, a gente dividi esse túbulo em vários segmentos diferentes: túbulo proximal (que pode ser subdividido em contorcido e reto), ramo descendente da alça de Henle, ramo ascendente da alça de Henle (que pode ser subdividido em segmento fino e espesso) e túbulo distal (que pode ser chamado de túbulo contorcido distal).

Alguns livros, ainda subdivide esse último túbulo acrescentando o túbulo conector que conecta o néfron ao ducto coletor (que pode ser subdividido em cortical e medular). O ducto coletor, basicamente coleta o líquido que vem, não apenas de um, mas de vários néfrons vizinhos e leva pra papila renal onde o líquido, que agora pode ser chamado de urina, é drenado em direção à papila, cálice e finalmente segue pra pelve renal, por onde pode deixar o rim através do ureter.

Percebam então que é nos néfrons que a urina é produzida a partir dos processos de filtração, reabsorção e secreção. É por isso que o néfron é considerado a unidade funcional básica do rim, isso porque ele é a menor unidade capaz de realizar as funções básicas do rim, ou seja, filtração, reabsorção e secreção.

Mas não se esqueça que pra fazer tudo isso, os néfrons apresentam uma vascularização bastante especializada.

De forma simplificada, lembre-se que o sangue arterial chega lá nos rins através da artéria renal, a qual se ramifica em artérias cada vez menores até formar as arteríolas aferentes, que entram nas cápsulas de Bowman e se ramificam formando os capilares glomerulares que formam o glomérulo.

Quando o sangue arterial passa por esses capilares, parte desse sangue passa pro espaço da cápsula de Bowman, ou seja, parte desse sangue é filtrado. O sangue que não é filtrado, fica nesses capilares e seguem pra arteríola eferente, a qual deixa a cápsula de Bowman e se ramifica formando agora os capilares peritubulares que irrigam os túbulos e ductos. Essa irrigação é importante pra entregar oxigênio e nutrientes pras células, e pra participar dos processos de reabsorção e secreção que ocorrem ao longo dos túbulos e ductos.

Por fim, o sangue venoso desses capilares segue pra vênulas que vão se juntando pra formar pequenas veias, que vão se juntando pra formar a veia renal, que desemboca na veia cava pro sangue venoso voltar pro coração.

A maioria dos néfrons são néfrons corticais, e se localizam mais superficialmente no córtex. Mas, alguns néfrons são néfrons justamedulares, e se localizam mais profundamente no córtex e na medula renal. Esses néfrons possuem uma alça de Henle beeem longa, e pra irrigar essa alça de Henle, existem alguns vasos especiais que descem paralelamente a essa alça, os quais são chamados de vasos retos, que de forma semelhante aos capilares peritubulares, drenam o sangue venoso pras vênulas que vão se juntando pra formar no final a veia renal, que desemboca na veia cava pro sangue venoso voltar pro coração.

Repare então que nos rins o sangue passa por duas redes de capilares antes de voltar pro coração, capilares glomerulares e capilares peritubulares ou vasos retos. Quando isso acontece, duas redes de capilares antes de voltar pro coração, nós temos uma circulação porta, ou sistema porta, no caso o sistema porta renal.

Bom, como você pode perceber, a vascularização dos néfrons é complexa, e é graças a essa complexidade que os néfrons conseguem realizar as três funções básicas dos rins: filtração, reabsorção e secreção, os quais são responsáveis pela formação da urina.

Nos próximos vídeos, a gente vai dar mais detalhes sobre essas três funções renais básicas, pra gente entender melhor como a urina é formada.

Bom então resumindo tudo o que a gente viu nesse vídeo lembre-se que:

  • Os rins tem várias funções importantes pra manter a homeostase dos líquidos corporais.

  • Essas funções dependem de três funções básicas dos rins: filtração, reabsorção e secreção. São essas funções básicas que permitem os rins produzirem urina com diferente composição dependendo da necessidade do organismo.

  • Pra fazer filtração, reabsorção e secreção os rins tem milhares de estruturas microscópicas chamadas de néfrons.

  • Cada néfron é formado por um componente vascular o glomérulo, e um comente tubular, formando pela cápsula de Bowman, túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal e túbulo conector que conecta o néfron no ducto coletor.

  • Por fim, lembre-se que a filtração, reabsorção e secreção que acontece nos néfrons só é possível graças a vascularização especializada que existe nos rins.

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Bom, a gente vai ficando por aqui, qualquer dúvida, pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo, abraço!

Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.

Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia
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