FEEDBACK NEGATIVO E FEEDBACK POSITIVO: QUAL A DIFERENÇA?

Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "Feedback negativo e feedback positivo: Qual a diferença?".

TRANSCRIÇÕES

Mirian Kurauti

7/11/20244 min read

E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Nesse vídeo a gente vai falar sobre os mecanismos de controle por feedback negativo e feedback positivo.

Bom, pra entender a diferença entre esses dois mecanismos de controle que o organismo utiliza pra regular determinadas funções, é preciso conhecer os componentes básicos de qualquer mecanismo de controle por feedback.

Então, todo mecanismo de controle por feedback apresenta um receptor ou sensor, que é responsável por detectar ou monitorar o que tá acontecendo no organismo, em cada instante. Esse receptor envia, continuamente, a informação detectada por ele pra um segundo componente do mecanismo, o centro de integração. Como o próprio nome diz, esse segundo componente, integra, processa e interpreta a informação enviada pelo receptor. Assim que ele entender o que tá acontecendo no organismo, ele pode enviar informações pro terceiro e último componente do mecanismo, o efetor. Esse terceiro componente, vai gerar um efeito, ou uma resposta que retroalimenta, que alimenta de volta o mecanismo, isto é, a resposta gerada pelo efetor, gera uma nova informação que vai ser detectada pelo receptor. É como se a resposta enviasse um "feedback" (ou um retorno) para o mecanismo.

Daí o nome do mecanismo: controle por feedback ou controle por retroalimentação, que também é um nome utilizado pra esse tipo de mecanismo.

Bom, agora que vocês já conhecem os componentes básicos de um mecanismo de controle de feedback, agora a gente pode explicar o que seria um feedback negativo e um feedback positivo.

Pra isso vamos usar alguns exemplos.

Imagine que você saiu de casa em um dia muito quente, quase 40 ºC lá fora. Ao caminhar nesse calor do inferno, a sua temperatura corporal sobe pra 37,5 ºC. Os receptores que monitoram a temperatura corporal do seu organismo, detectam e informam o centro de integração do controle da temperatura corporal, que fica localizado no sistema nervoso central. Esse centro de integração sabe que a temperatura do organismo, deve ficar em torno de trinta e sete graus. Então, ele percebe que a temperatura tá acima da temperatura adequada, e já aciona os efetores que participam dos mecanismos de diminuição da temperatura corporal. No caso, esses efetores são os vasos sanguíneos da pele e as glândulas sudoríparas.

Então, nos vasos sanguíneos da pele ocorre dilatação para o sangue circular mais na superfície e perder calor. Por isso você fica mais “corado” quando tá quente. Já nas glândulas sudoríparas ocorre aumento de produção de suor, que ao evaporar leva calor da sua pele, ajudando a resfriar o organismo.

A resposta gerada é uma redução da temperatura, e essa resposta atua como um feedback pro receptor que agora detecta uma temperatura de 37 ºC, ou seja, uma temperatura que tá dentro do ideal. Então, o centro de integração já manda os efetores parar o que eles tão fazendo, porque a temperatura agora tá ok.

Então, percebam que nesse caso a diminuição da temperatura (que atua como um feedback pro mecanismo) inibiu o sistema, por isso esse mecanismo de controle da temperatura, é um ótimo exemplo de um mecanismo de controle por feedback negativo, onde a resposta inibi o sistema.

Agora, vamos pra outro exemplo.

Quando a mulher entra em trabalho de parto, a cabeça do bebê dilata o colo uterino, que é basicamente a saída do útero. Na parede do colo uterino existem receptores que detectam a dilatação dessa estrutura, e manda essa informação pra um centro de integração que fica localizado também no sistema nervoso central. Esse centro de integração vai ativar um efetor, no caso uma glândula chamada de neuro-hipófise, que vai secretar um hormônio, a ocitocina.

Uma vez secretada na circulação, a ocitocina pode chegar lá no útero, e gerar uma resposta, no caso, a contração uterina. Essa resposta ou essa contração vai empurrar mais o bebê contra a saída do útero, e vai dilatar mais ainda a parede do colo uterino. Ou seja, o feedback gerado pela resposta é pra ativar ainda mais o sistema, pois com a maior dilatação do colo uterino, o receptor continua detectando a dilatação, e o centro de integração, continua mandando secretar mais ocitocina. Com mais ocitocina, vai ter mais contração uterina, que vai empurrar mais o bebê, que vai dilatar mais a parede do colo uterino e assim por diante.

Gera um ciclo vicioso que só vai acabar quando o bebê for completamente expulso do útero, e a dilação do colo uterino acabar.

Percebam então que nesse exemplo a resposta gera um feedback que ao invés de inibir o sistema, ativa o sistema. Por isso esse mecanismo de controle da secreção da ocitocina é um ótimo exemplo de um mecanismo de controle por feedback positivo, em que a resposta ativa o sistema gerando um ciclo vicioso, que só vai se encerrar por um fator externo ao sistema, que no caso do nosso exemplo, seria o nascimento do bebê.

Então é isso galera. No mecanismo de controle por feedback negativo, a resposta inibi o sistema, e no feedback positivo, a resposta ativa o sistema.

Bom, se vocês ficaram com alguma dúvida pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, blz?

A gente se vê num próximo vídeo, valeu? Abraço!

Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. Atualmente, é professora de fisiologia humana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a mente criativa por trás do MK Fisiologia.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando fisiologia. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana.

Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia
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