Como a angiotensina II (ANGII) regula a Taxa de Filtração Glomerular (TFG)?

Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "Como a angiotensina II (ANGII) regula a Taxa de Filtração Glomerular (TFG)?".

TRANSCRIÇÕESSISTEMA CARDIOVASCULAR

Mirian Kurauti

12/8/20254 min read

E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Nos vídeos anteriores sobre a regulação da taxa de filtração glomerular (TFG), a gente explicou como os mecanismos intrínsecos e extrínsecos regulam a TFG através da regulação da resistência das arteríolas aferentes.

E, dentre os mecanismos extrínsecos de regulação da TFG, a gente citou o sistema renina-angiotensina, que através do hormônio angiotensina II pode aumentar a resistência das arteríolas aferentes, através da constrição dessas arteríolas, que, como a gente viu, diminui a pressão hidrostática dos capilares glomerulares e, consequentemente, diminui a TFG.

Porém, o que a gente não citou é que, na verdade, a angiotensina II, embora realmente tenha um efeito vasoconstritor nas arteríolas aferentes, ela parece ter um efeito vasoconstritor ainda maior nas arteríolas eferentes, isto é, parece que as arteríolas eferentes, na verdade, são mais sensíveis à angiotensina II do que as arteríolas aferentes.

Isso significa que em concentrações relativamente baixas de angiotensina II, o efeito vasoconstritor desse hormônio predomina sobre as arteríolas mais sensíveis, isto é, sobre as arteríolas eferentes, ou seja, em concentrações relativamente baixas de angiotensina II, esse hormônio pode aumentar mais a resistência das arteríolas eferentes do que das arteríolas aferentes, e como a gente viu, quando a resistência das arteríolas eferentes aumenta, a pressão hidrostática dos capilares glomerulares aumenta, aumentando, consequentemente, a TFG.

Esse mecanismo, parece ser importante quando, por exemplo, estamos desidratados e o volume de sangue diminui um pouco, diminuindo assim a pressão arterial. Quando isso acontece, quando a pressão arterial diminui, a pressão hidrostática dos capilares glomerulares também diminui, o que diminuiria a TFG. E aí, pra aumentar a TFG e manter essa taxa em níveis adequados, a diminuição da pressão arterial pode ativar o sistema renina-angiotensina, estimulando a produção de angiotensina II, que pode então aumentar a resistência das arteríolas eferentes, o que, como a gente viu, aumenta a pressão hidrostática dos capilares glomerulares e, consequentemente, a TFG.

Porém, quando a pressão arterial diminui demais, chegando a níveis críticos, como pode acontecer durante uma grave hemorragia em que há perda de muito volume de sangue e queda acentuada da pressão arterial, o sistema renina-angiotensina pode ser ativado mais intensamente, pra estimular ainda mais a produção de angiotensina II que, agora em concentrações relativamente altas, pode, além de aumentar a resistência das arteríolas eferentes, aumentar a resistência das arteríolas aferentes.

E aí, lembre-se que se eu aumentar a resistência das arteríolas aferentes, isto é, se eu aumentar a constrição dessas arteríolas, a pressão hidrostática dos capilares glomerulares diminui porque menos sangue vai conseguir chegar nesses capilares, diminuindo assim a TFG. E nesse caso, a diminuição da TFG pode ser muito importante pra se evitar maiores perdas de volume sanguíneo e maiores quedas da pressão arterial.

Além disso, lembre-se que quando a gente tem uma queda acentuada da pressão arterial, outros mecanismos extrínsecos, como a ativação do sistema nervoso autônomo (SNA) simpático, pode contribuir pro aumento da resistência das arteríolas aferentes pra assim diminuir ainda mais a TFG.

Então perceba que os efeitos da angiotensina II dependem muito da sua concentração e da sua interação com outros mecanismos de regulação da TFG, e tudo isso, como a gente viu, depende das condições em que o organismo se encontra em um determinado momento.

Bom, espero que esse vídeo tenha tirado suas dúvidas sobre os efeitos da angiotensina II sobre as arteríolas aferentes e eferentes e como esses efeitos são importantes pra regulação da TFG e da pressão arterial.

Mas se você ainda ficou com alguma dúvida pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder.

E, por fim, mas não menos importante, se você já assistiu vários vídeos do canal e ainda não tá inscrito, se inscreve aí pra ajudar a gente a continuar produzindo cada vez mais conteúdos por aqui.

A gente se vê num próximo vídeo, abraço!

Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.

Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia
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