[#8] FINALIZAÇÃO DA SINALIZAÇÃO CELULAR

Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#8] FINALIZAÇÃO DA SINALIZAÇÃO CELULAR".

TRANSCRIÇÕESFISIOLOGIA CELULAR

Mirian Kurauti

8/4/20256 min read

E aí, pessoal, tudo bem com vocês? Tão importante quanto iniciar uma “conversa” é saber finalizar essa “conversa”. Por isso, nesse vídeo, a gente vai literalmente finalizar a comunicação e a sinalização celular.

E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Pra quem tá chegando agora, eu sou Mirian Kurauti, criadora do canal MK Fisiologia, um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Então, se você tá precisando entender de verdade a fisiologia, já se inscreve no canal e ative as notificações pra você não perder os próximos vídeos que a gente postar por aqui.

Agora, sem mais delongas, bora tentar entender como a sinalização celular é finalizada?

No vídeo anterior, a gente viu que a modulação da sinalização celular pode ocorrer através da modulação da molécula sinal, do receptor e das vias de transdução de sinal ativadas por esse receptor. A finalização da sinalização celular também pode ocorrer através da finalização da molécula sinal, do receptor, e das vias de transdução de sinal ativadas por esse receptor.

-Pera aí, professora, como assim finalização da molécula sinal, do receptor e das vias de transdução de sinal?

Quando a gente fala em finalização da molécula sinal, a gente fala em finalização da disponibilidade dessa molécula sinal pra interagir com o seu receptor, e isso pode acontecer principalmente em um tipo específico de sinalização, no caso, a sinalização sináptica.

Nesse tipo de sinalização os neurônios liberam seus neurotransmissores no pequeno espaço que separa os neurônios das suas células-alvo. É nesse pequeno espaço, que a gente chama de fenda sináptica, que os neurotransmissores podem interagir com seus receptores presentes na membrana das células-alvo.

E aí, pra finalizar a disponibilidade dos neurotransmissores na fenda sináptica, a gente pode ter:

  1. proteínas que recapturam esses neurotransmissores, transportando esses neurotransmissores de volta pro neurônio que os liberou;

  2. enzimas que metabolizam, que degradam os neurotransmissores;

  3. e, por fim, a gente ainda pode ter a difusão desses neurotransmissores pra fora da fenda sináptica.

Portanto, é através desses três mecanismos que a disponibilidade dessas moléculas sinais podem ser finalizadas, finalizando assim a sinalização sináptica.

Porém, nos outros tipos de sinalização a molécula sinal não é liberada em uma fenda sináptica e, por isso, é muito difícil finalizar a disponibilidade das moléculas sinais assim como acontece na sinalização sináptica. Então, nesses outros tipos de sinalização, a molécula sinal pode ser internalizada na célula-alvo junto com o seu receptor de membrana, através de um mecanismo que a gente chama de endocitose.

Nesse mecanismo, a molécula sinal e o seu receptor de membrana são levados pro interior dos endossomos onde a molécula sinal pode se desligar do seu receptor que volta então pra sua conformação inativa.

Em alguns casos, esse receptor pode voltar pra membrana pra ser reutilizado, mas em outros casos o receptor pode ser levado pro interior dos lisossomos junto com a molécula sinal pra ser metabolizado e degradado por enzimas presentes no interior dos lisossomos.

Portanto, lembre-se que quando a gente fala em finalização do receptor, a gente fala em finalizar a disponibilidade desse receptor pra interagir com a sua molécula sinal, removendo e degradando esse receptor como a gente acabou de explicar, ou ainda, alterando a estrutura química desse receptor pra que ele diminua a sua afinidade pela molécula sinal, provocando assim o desligamento dessa molécula e a inativação desse receptor.

Essa alteração da estrutura química que diminui a afinidade do receptor pela sua molécula sinal, inativando esse receptor, geralmente acontece através de enzimas que são ativadas pela própria via de transdução de sinal desse receptor. É como se a própria via de transdução de sinal desse um “feedback” pro receptor dizendo que a mensagem já foi transmitida e que a sinalização já pode ser finalizada, ou seja, um “feedback negativo”, porque a via inibe o receptor que ativou essa mesma via de transdução de sinal.

Em outros casos, esse “feedback negativo” pode acontecer em proteínas sinalizadoras da própria via de transdução de sinal. Ou seja, a via inibe e inativa essas proteínas sinalizadoras, finalizando assim a sinalização. E é isso que a gente quer dizer quando a gente fala em finalização das vias de transdução de sinal, ou seja, a gente fala em inativação das proteínas sinalizadoras dessas vias, que pode finalizar a sinalização.

E, por fim, mas não menos importante, lembre-se que junto com todos esses mecanismos de finalização da sinalização, todos os segundos mensageiros que foram produzidos precisam ser metabolizados, precisam ser degradados, ou removidos do citosol, e todas as proteínas que foram fosforiladas, precisam ser desfosforiladas pra que de fato a sinalização seja finalizada.

Por exemplo, os segundos mensageiros GMP cíclico, AMP cíclico, IP3 e diacilglicerol (DAG) podem ser metabolizados e degradados por enzimas específicas, enquanto os íons cálcio liberados pelo IP3, podem voltar pro retículo endoplasmático através de proteínas transportadoras que fazem a recaptura desse íon.

Já as proteínas que foram fosforiladas pelas proteínas quinases das vias de transdução de sinal, podem ser desfosforiladas por fosfatases específicas, finalizando assim a sinalização celular.

Então pra finalizar, lembre-se que aqui o nosso objetivo foi apenas explicar pra você que existem várias maneiras de finalizar uma sinalização, e isso é super importante pra um bom funcionamento das células. Uma sinalização que não termina nunca, pode dar muito ruim pras células, podendo levar essas células à morte ou ao crescimento e proliferação excessiva, dando início ao desenvolvimento de um tumor, por exemplo.

Além disso, entender os mecanismos de finalização da sinalização celular pode te ajudar a entender os mecanismos de ação de alguns fármacos usados pra finalizar uma via de transdução de sinal específica ou de alguns fármacos usados pra evitar a finalização de uma via de transdução de sinal específica.

Por exemplo, o mecanismo de ação do fármaco sildenafil, o famoso Viagra, é inibir uma enzima específica que metaboliza ou degrada o segundo mensageiro GMP cíclico, produzido pela enzima guanilil ciclase quando ativada pelo óxido nítrico.

A inibição da degradação do GMP cíclico evita a finalização da via de transdução de sinal do óxido nítrico que, como a gente viu em um vídeo anterior, é responsável pelo relaxamento das células musculares dos vasos sanguíneos, causando a dilação desses vasos, ou melhor, causando vasodilatação. E é exatamente essa vasodilatação que mantém a ereção causada pelo Viagra.

Bom, então resumindo tudo o que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que existem basicamente três maneiras de finalizar a sinalização celular:

  1. finalizando a disponibilidade da molécula sinal pra interagir com os seus receptores,

  2. finalizando a disponibilidade e/ou diminuindo a afinidade desses receptores pela molécula sinal,

  3. e inativando as vias de transdução de sinal ativadas por esses receptores, através da inativação de proteínas dessas vias, e através da degradação ou remoção dos segundos mensageiros dessas vias.

Bom, espero que esse vídeo tenha te ajudado de alguma forma. E se ele realmente te ajudou não esquece de curtir e compartilhar esse vídeo com aquele seu amigo que também tá precisando estudar esse conteúdo.

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E como sempre, qualquer dúvida pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza?

A gente se vê no próximo vídeo, abraço!

Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.

Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia
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