
[#4] MECÂNICA RESPIRATÓRIA: COMPLACÊNCIA PULMONAR
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#4] MECÂNICA RESPIRATÓRIA: COMPLACÊNCIA PULMONAR".
TRANSCRIÇÕESSISTEMA RESPIRATÓRIO
Mirian Kurauti
10/23/20246 min read
Tá estudando mecânica respiratória e ainda não entendeu o que é complacência pulmonar? Então fica nesse vídeo que a gente vai tentar descomplicar isso pra você.
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Pra quem tá chegando agora e ainda não me conhece, eu sou Mirian Kurauti, aqui do canal MK Fisiologia, um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Porque, como eu sempre digo, fisiologia não precisa ser difícil. Então, se você tá precisando entender de verdade a fisiologia, já se inscreve no canal e ative as notificações pra você não os próximos vídeos que a gente postar por aqui.
Bora tentar entender então o que é complacência pulmonar.
O tecido pulmonar como você deve saber é um tecido elástico e por isso os pulmões podem ser comparados a duas bexigas.
Se você já tentou encher várias bexigas, pode ter tido a sensação de que algumas bexigas são mais fáceis de encher enquanto outras são mais difíceis, e você tem que fazer mais força pra esticar a parede elástica da bexiga.
A quantidade de força necessária pra esticar a parede elástica da bexiga ou dos pulmões, depende basicamente da sua complacência.
-Mas afinal de contas, o que é complacência?
Preste atenção, complacência é a capacidade de um corpo ou de uma estrutura de se distender, ou de se esticar. Portanto, quanto mais fácil uma estrutura se estica, ou seja, quanto menos força ou pressão eu precisar aplicar pra esticar essa estrutura, maior será a sua complacência.
Lembre-se que complacência não é a mesma coisa que elastância. Elastância, na verdade, é a capacidade de um corpo ou uma estrutura de se retrair. Portanto, quanto mais fácil uma estrutura que foi esticada se retrair, maior será a sua elastância.
Nesse vídeo, a gente vai falar mais da complacência pulmonar, por isso, vamos tentar entender melhor esse conceito, voltando no exemplo das bexigas.
Uma bexiga mais fácil de encher, precisa de menos força, ou menos pressão pra ser distendida, por isso podemos dizer que ela tem maior complacência que uma bexiga mais difícil de encher, que precisa de mais pressão pra ser distendida.
Fazendo uma analogia, os pulmões são como bexigas, alguns são mais fáceis de distender e, portanto, tem maior complacência, como acontece no enfisema pulmonar, enquanto outros podem ser mais difíceis de distender e, portanto, tem menor complacência, como acontece na fibrose pulmonar.
-Tá, então quer dizer que a complacência dos pulmões pode ser alterada em algumas condições patológicas. Mas como a gente pode avaliar a complacência dos pulmões?
Pra avalia a complacência pulmonar, a gente pode analisar a curva pressão-volume ou volume-pressão do pulmão.
Existem dois tipos de curva, uma curva pressão-volume de insuflação, que mostra as alterações da pressão transpulmonar e do volume pulmonar durante a insuflação, ou durante a distensão do pulmão; e a curva pressão-volume de desinsuflação, que mostra as alterações da pressão transpulmonar e do volume pulmonar durante desinsuflação, ou durante a retração do pulmão.
Essas curvas pressão-volume de insuflação e desinsuflação mostradas neste gráfico, são obtidas em laboratórios de pesquisa científica, isolando um pulmão, isto é, tirando um pulmão de um animal ou de um cadáver pra analisar esse pulmão fora do organismo.
Mas é possível analisar o pulmão dentro do organismo, através de um método específico que é utilizado na clínica, pra obter a curva pressão-volume de desinsuflação, como a gente pode observar neste gráfico aqui.
Percebam que a inclinação da curva se alterada no enfisema e na fibrose pulmonar. E lembre-se que quanto mais inclinada for a curva maior será a complacência pulmonar.
-Nossa professora, mas como que eu vou lembrar dessa informação?
Calma, você não precisa lembrar, você precisa saber interpretar as curvas.
Então preste atenção, quando a pressão transpulmonar for de 10 centímetros de água (cmH2O), o volume do pulmão com enfisema será bem maior do que o volume do pulmão normal, nessa mesma pressão transpulmonar, ou seja, aplicando a mesma pressão ou a mesma força o pulmão com enfisema estica mais que o pulmão normal, é bem mais fácil esticar o pulmão com enfisema. Portanto, a complacência pulmonar aumenta no enfisema.
Por outro lado, nessa mesma pressão transpulmonar o volume do pulmão com fibrose é menor do que o volume do pulmão normal, ou seja, aplicando a mesma força o pulmão com fibrose estica menos que o pulmão normal, é bem mais difícil esticar o pulmão com fibrose. Portanto, a complacência pulmonar diminui na fibrose.
Existe uma forma de quantificar essa inclinação das curvas pressão-volume. Pra isso, você precisa pegar um intervalo de variação de volume, por exemplo, aqui a gente pegou esse intervalo em que o volume variou em 0,5 litros, e dividir essa variação do volume pela variação da pressão transpulmonar, que nesse exemplo foi de 2,5 centímetros de água (cmH2O).
Então fazendo os cálculos pro pulmão normal, a complacência é igual a 0,5 dividido por 2,5, ou seja, 0,2 litros/cmH2O.
Mas, se a gente pegar esse mesmo intervalo de variação de volume, a variação de pressão transpulmonar é bem menor no pulmão com enfisema, cerca de metade da variação observada no pulmão normal, porém essa variação, é bem maior no pulmão com fibrose, praticamente o dobro da variação observada no pulmão normal. E fazendo os cálculos, agora não temos dúvidas de como o enfisema aumenta a complacência e como a fibrose diminui e complacência pulmonar.
Bom, então resumindo tudo a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:
Complacência é a capacidade de uma estrutura de se esticar, quanto mais fácil uma estrutura se estica, maior é a sua complacência e vice e versa.
A complacência pulmonar pode ser alterada em condições patológicas como no enfisema e na fibrose pulmonar, e essa alteração pode ser observada na curva pressão-volume.
Quanto maior é a inclinação da curva, maior é a complacência, como acontece no enfisema, e quanto menor é a inclinação da curva, menor é a complacência, como acontece na fibrose.
Como o objetivo desse vídeo era apenas explicar a complacência pulmonar, só usamos o enfisema e a fibrose pulmonar como exemplos de condições que podem alterar a complacência dos pulmões. Por isso, a gente não se aprofundou nessas condições, beleza?
Bom espero que esse vídeo tenha te ajudado de alguma forma. Se você gostou do vídeo, comenta aí embaixo e compartilha com seus amigos que isso ajuda bastante na divulgação do canal. E se você gostou muito, mas muito mesmo, e quiser contribuir ainda mais com o canal, tem um botão aí embaixo escrito “valeu”. Isso vai ajudar muito a gente a continuar produzindo cada vez mais vídeos por aqui.
Qualquer dúvida, pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza? A gente se vê num próximo vídeo, abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.



Siga-nos nas redes
© 2024 MK Fisiologia. Todos os direitos reservados.