
[#3] TIPOS de MOLÉCULAS SINAIS e seus RECEPTORES
Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#3] TIPOS de MOLÉCULAS SINAIS e seus RECEPTORES".
TRANSCRIÇÕESFISIOLOGIA CELULAR
Mirian Kurauti
3/17/20259 min read
Nos vídeos anteriores, a gente falou sobre os tipos de comunicação e sinalização celular. Nesse vídeo, a gente vai falar sobre os tipos de moléculas sinais e os seus receptores que podem participar da comunicação e sinalização justácrina, parácrina, endócrina e autócrina.
E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Eu sou Mirian Kurauti, criadora do canal MK Fisiologia, um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Então se você tá precisando entender de verdade a fisiologia, já se inscreve no canal e ative as notificações pra você não perder os próximos vídeos que a gente postar por aqui.
-Tá professora, chega de enrolação, e me responde porque que é importante eu conhecer os tipos de moléculas sinais e os tipos de receptores?
Calma, muita calma nessa hora.
Lembre-se que quando a gente estuda comunicação e sinalização celular, além de simplesmente saber classificar os tipos de comunicação e sinalização a gente precisa entender os mecanismos de como uma célula-alvo vai responder a sinalização de uma determinada molécula sinal, e esses mecanismos vai depender, é claro, da molécula sinal e do tipo de receptor que essa molécula sinal interage nas suas células-alvo.
Então, se você conhecer no geral quais são os tipos de moléculas sinais e os tipos de receptores que cada tipo de molécula sinal costuma interagir, olha, vai ficar muito mais fácil de entender os mecanismos de como as células-alvo respondem a sinalização de uma determinada molécula sinal.
Dito isso, bora conhecer então os tipos de moléculas sinais e os tipos de receptores que essas moléculas interagem?
Pra começar, lembre-se, a gente tem basicamente 4 tipos de moléculas sinais que podem ser secretadas ou liberadas pelas células sinalizadoras:
As aminas;
Os peptídeos e proteínas;
Os eicosanoides;
E outras moléculas que não se encaixam nos três primeiros tipos de moléculas.
Essa classificação pode variar um pouquinho, mas eu tentei escolher a classificação que faz mais sentido considerando as principais moléculas sinais que participam da comunicação e sinalização intercelular (comunicação sinalização entre as células), beleza?
Então agora vamos falar um pouco sobre cada um desses tipos de moléculas sinais né.
Começando pelo primeiro tipo de molécula, as aminas são moléculas orgânicas nitrogenadas, que no organismo humano podem ser derivadas do metabolismo de um aminoácido, como por exemplo as aminas derivadas do metabolismo do aminoácido tirosina, como a dopamina, a noradrenalina, a adrenalina, e os hormônios da tireoide (a tiroxina ou T4 e a triiodotironina ou T3).
Além dessas aminas, também tem as aminas derivadas do metabolismo do aminoácido triptofano, como a serotonina e a melatonina.
Já os peptídeos e as proteínas não são moléculas derivadas do metabolismo de um aminoácido, na verdade, são moléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos, uma ligação que a gente chama de ligação peptídica.
-Tá professora, se tanto os peptídeos quanto as proteínas são formados pela ligação peptídica de aminoácidos, qual que é a diferença entre peptídeo e proteína?
Boa pergunta!
Os peptídeos são “proteininhas”, proteínas pequenas contendo ali no máximo 50 aminoácidos ligados. E aí, se tiver mais que 50 aminoácidos ligados, a gente já chama de proteína.
Dentre os peptídeos e as proteínas que podem atuar como moléculas sinais a gente pode citar como exemplo a ocitocina, a insulina e o hormônio do crescimento, mais conhecido como GH.
Já os esteroides são um tipo de lipídeo que no organismo humano são derivados do metabolismo do colesterol.
Dentre os esteroides que podem atuar como moléculas sinais nós temos como exemplo o cortisol, a testosterona e a progesterona.
Ah... e além das aminas, peptídeos e proteínas, e dos esteroides, a gente tem outras moléculas que também podem atuar como moléculas sinais, mas que não se encaixam muito bem em nenhumas dessas classificações que a gente acabou de falar, como por exemplo, alguns aminoácidos como o glutamato e a glicina, alguns gases como o óxido nítrico, e alguns tipos de lipídeos como os eicosanoides que são derivados do metabolismo do ácido araquidônico, um ácido graxo encontrado em alguns fosfolipídeos que formam a membrana plasmática das células. Aqui podemos citar dois exemplos mais conhecidos desses eicosanoides que atuam como moléculas sinalizadoras, as prostaglandinas e os leucotrienos.
Existem outros tipos de moléculas sinais que a gente poderia citar aqui nessa classificação de outras moléculas. Mas o objetivo aqui não é decorar todos os tipos de moléculas sinais que existem, o objetivo aqui é entender que vários tipos de moléculas podem atuar como moléculas sinais, e que dependendo do tipo dessas moléculas elas podem interagir com um tipo específico de receptor.
Então presta atenção aqui.
A gente tem basicamente 2 tipos de receptores:
Receptores intracelulares, que se encontram dentro da célula-alvo, ou no citoplasma, ou no núcleo;
E receptores de membrana, que ficam, adivinha, na membrana plasmática das células-alvo.
-Tá professora, mas e aí, que tipo de moléculas sinais vão interagir com cada um desses tipos de receptores?
As moléculas que não conseguem atravessar a membrana plasmática precisam necessariamente interagir com um receptor de membrana, mas as moléculas que conseguem atravessar a membrana plasmática até podem interagir com um receptor de membrana, mas no geral elas vão interagir principalmente com um receptor intracelular.
-Beleza professora, mas que tipo de moléculas conseguem atravessar e que tipo de moléculas não conseguem atravessar a membrana plasmática?
Lembra de nossa primeira aula sobre transporte de membrana? Não? Vamos refrescar sua memória então.
Nessa aula, a gente explicou que moléculas hidrofílicas que gostam de água tem dificuldade de atravessar a bicamada lipídica das membranas, mas moléculas hidrofóbicas que não gostam de água e gostam muito de lipídeos, podem atravessar essa bicamada lipídica com muito mais facilidade.
A maioria das aminas são hidrofílicas e tem dificuldade de atravessar a bicamada lipídica da membrana plasmática. Portanto, a maioria dessas aminas interagem com receptores de membrana nas suas células-alvo.
A maioria, mas nem todas. Por exemplo, os hormônios da tireoide são aminas, mas são aminas mais hidrofóbicas e podem atravessar a bicamada lipídica da membrana plasmática e então interagir com receptores intracelulares nas suas célula-alvo.
Agora, as moléculas sinais que são peptídeos ou proteínas são mais fáceis de lembrar porque todos os peptídeos e todas as proteínas, sem exceção, são moléculas hidrofílicas e não conseguem atravessar a bicamada lipídica da membrana plasmática e, por isso, todas essas moléculas interagem com receptores de membrana nas suas células-alvo.
E assim como todos os peptídeos e todas as proteínas são moléculas hidrofílicas, todos os esteroides são moléculas hidrofóbicas, não gostão de água, mas se dão muito bem com outros lipídeos, afinal de contas os esteroides são derivados do metabolismo de um lipídeo, o colesterol. E é por isso que todos os esteroides atravessam livremente a bicamada lipídica da membrana plasmática e podem interagir com receptores intracelulares nas suas células-alvo.
Então até aqui tudo tranquilo né. A maioria das aminas e todos os peptídeos e proteínas atuam em receptores de membrana. Já os hormônios da tireoide e todos os esteroides podem atuar em receptores intracelulares. O problema agora são as outras moléculas sinais.
Os aminoácidos que formam os peptídeos e as proteínas, adivinham, são moléculas hidrofílicas né, e por isso não atravessam a bicamada lipídica da membrana plasmática. Então é óbvio que esse tipo de molécula sinal também interagem com receptores de membrana nas suas células-alvo, assim como os peptídeos e as proteínas.
Já os gases como o óxido nítrico, se difundem facilmente através dessa bicamada lipídica e podem então interagir com receptores intracelulares nas suas células alvo.
E por fim, os eicosanoides, embora sejam moléculas hidrofóbicas assim como os esteroides, essas moléculas apresentam uma estrutura química bem diferente dos esteroides porque eles não são derivados do colesterol, eles são derivados do ácido araquidônico e podem encontrar um pouquinho de dificuldade pra atravessar a bicamada lipídica da membrana plasmática. Então, lembre-se que esses tipos de lipídeos, os eicosanoides, geralmente atuam em receptores de membrana e não em receptores intracelulares, beleza?
Então resumindo até aqui, se uma molécula sinal vai atuar em receptores de membrana ou em receptores intracelulares, vai depender muito do seu tamanho e da solubilidade, isto é, se a molécula é grande e/ou hidrofílica, ou seja, hidrossolúvel, ela não vai atravessar livremente a membrana plasmática, e vai precisar atuar em receptores de membrana. Mas se a molécula é pequena e/ou hidrofóbica, lipossolúvel, ela pode atravessar livremente a membrana plasmática, e assim atuar em receptores intracelulares.
-Tá professora, mas que diferença faz a molécula atuar em receptores intracelulares ou em receptores de membrana?
A diferença é que se uma molécula sinal interagir com receptores intracelulares ou com receptores de membrana, o mecanismo de como as células-alvo vão gerar as suas respostas específicas, vai ser diferente.
Presta atenção.
Quando uma molécula sinal interage com seu receptor específico, esse receptor inicia um processo que vai “traduzir” esse sinal extracelular em sinais intracelulares que a célula-alvo consegue “entender”, e assim gerar uma resposta específica.
Esse processo de traduzir o sinal extracelular em sinais intracelulares pra que a célula-alvo consiga gerar uma resposta, a gente chama de transdução de sinal, e é exatamente essa transdução de sinal que vai ser diferente dependendo do tipo de receptor que a molécula sinal interagir.
Então nos próximos vídeos, a gente explica os mecanismos de transdução de sinal que acontece quando a molécula sinal interage com receptores intracelulares e quando a molécula sinal interage com receptores de membrana, beleza?
Bom então resumindo tudo o que a gente viu nesse vídeo, lembre-se que:
As moléculas sinais podem ser classificadas em: aminas, peptídeos e proteínas, esteroides, e outras moléculas como aminoácidos, gases e eicosanoides.
A maioria das aminas, os peptídeos e as proteínas, os aminoácidos e alguns lipídeos como os eicosanoides, têm mais dificuldade de se difundir pela bicamada lipídica da membrana plasmática e por isso interagem com receptores de membrana nas suas células-alvo.
Já algumas aminas como os hormônios da tireoide, os esteroides e os gases como o óxido nítrico, conseguem se difundir livremente pela bicamada lipídica da membrana plasmática e por isso podem interagir com receptores intracelulares nas suas células-alvo.
Bom, espero que esse vídeo tenha te ajudado de alguma forma. E se ele realmente te ajudou não esquece de curtir e compartilhar esse vídeo com aquele seu amigo que também tá precisando estudar esse conteúdo.
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E como sempre, qualquer dúvida pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza?
A gente se vê no próximo vídeo, abraço!


Sobre a autora
Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.
Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.



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