[#1] Microcirculação: O QUE É MICROCIRCULAÇÃO?

Este post é a transcrição da videoaula publicada em nosso canal do YouTube "[#1] Microcirculação: O QUE É MICROCIRCULAÇÃO?".

TRANSCRIÇÕESSISTEMA CARDIOVASCULAR

Mirian Kurauti

9/1/20258 min read

A principal função do sistema cardiovascular é fornecer oxigênio e nutrientes pras células do organismo, e ao mesmo tempo remover o dióxido de carbono e outros resíduos metabólicos produzidos pelas células do organismo.

Essas trocas de gases, nutrientes e resíduos metabólicos entre o sangue e as células do organismo, acontece nos menores vasos sanguíneos do sistema vascular, os capilares, que juntamente com as arteríolas e as vênulas, são responsáveis pela microcirculação.

Mas, o que é exatamente a microcirculação?

Essa é a principal pergunta que a gente vai responder nesse vídeo. Bora?

E aí pessoal, tudo bem com vocês?

Eu sou Mirian Kurauti criadora do canal MK Fisiologia, um canal que tem como principal objetivo descomplicar a fisiologia humana. Então, já sabe né, se você tá precisando entender de verdade a fisiologia já se inscreve no canal e ative as notificações pra você não perder os próximos vídeos que a gente postar por aqui.

Agora sem mais delongas, bora pro que interessa?

A microcirculação é a circulação sanguínea através dos vasos sanguíneos do sistema microvascular, ou seja, dos vasos sanguíneos microscópicos, que a gente só consegue enxergar usando um microscópio, como é o caso das arteríolas, dos capilares e das vênulas.

Então, bora falar sobre os vasos sanguíneos do sistema microvascular pra gente começar a entender melhor a microcirculação?

Bom, as arteríolas, como a gente viu num vídeo anterior, são os “vasos de resistência” do sistema vascular, isto é, são os vasos onde encontramos a maior resistência ao fluxo sanguíneo.

Mas, o mais importante, é lembrar que essa maior resistência ao fluxo sanguíneo pode ser controlada, isso porque na parede das arteríolas a gente encontra pelo menos uma camada de células musculares lisas que além de serem inervadas e controladas pelo sistema nervoso autônomo (SNA) simpático, podem ser controladas por outros fatores que podem causar vasoconstrição, aumentando a resistência e diminuindo o fluxo sanguíneo, ou vasodilatação, diminuindo a resistência e aumentando o fluxo sanguíneo nas arteríolas.

E como as arteríolas são as “portas de entrada” da microcirculação, esse controle acaba controlando o fluxo sanguíneo nos capilares que, como a gente viu num vídeo anterior, são os “vasos de troca” do sistema vascular, isto é, são os vasos onde encontramos a maior permeabilidade pois, na parede desse tipo de vaso só encontramos o endotélio que é formado apenas por uma camada de células endoteliais, e a membrana basal.

O endotélio e a membrana basal a gente pode encontrar em praticamente todos os capilares, porém a estrutura desse endotélio e dessa membrana basal pode variar, variando assim a permeabilidade dos capilares.

E aí, de acordo com o grau de permeabilidade, a gente pode classificar os capilares em: capilares contínuos, capilares fenestrados e capilares descontínuos ou sinusoides.

Os capilares contínuos são os menos permeáveis, afinal de contas eles são, adivinha, contínuos, não tem “buracos” nas células endoteliais e nem na membrana basal. Além disso, entre as células endoteliais a gente tem as junções interendoteliais, que nada mais são do que junções celulares que grudam ou aderem uma célula na outra, como é o caso das junções de adesão; e junções que dificultam a passagem de moléculas entre as células endoteliais, como é o caso das junções de oclusão. E é por isso que os capilares contínuos são os capilares menos permeáveis, sendo encontrados na maioria dos tecidos do organismo, como por exemplo nos tecidos conjuntivo, muscular e nervoso.

Os capilares fenestrados, embora eles também apresentem junções interendoteliais, apresentam “buracos” nas células endoteliais, ou melhor, “poros” que a gente chama de fenestras, as quais podem facilitar a passagem de moléculas através do endotélio.

Porém, não vai ser qualquer molécula que vai conseguir atravessar, porque nessas fenestras a gente encontra tipo uma membrana que a gente chama de diafragma. E esse diafragma é formado por glicoproteínas do glicocálice da membrana da própria célula endotelial que formam tipo uma malha que pode atuar como uma barreira seletiva, que seleciona as moléculas que podem passar pelas fenestras através do seu tamanho e das suas cargas elétricas.

Os capilares fenestrados, não é tão comum como os capilares contínuos, e podem ser encontrados em tecidos epiteliais como por exemplo no epitélio do intestino delgado que absorve nutrientes da dieta e precisa mandar esses nutrientes pra circulação sanguínea; e nas glândulas endócrinas que produzem hormônios e precisam mandar esses hormônios pra circulação sanguínea. Por isso, esses tecidos precisam de capilares mais permeáveis do que os capilares contínuos, ou seja, faz sentido eu encontrar capilares fenestrados nesses tecidos.

Um outro órgão que também tem capilares fenestrados é o rim.

Nas estruturas especializadas em filtrar o sangue chamadas de glomérulos renais, os capilares são fenestrados, só que as fenestras desses capilares são abertas, não tem diafragma. Mas aí, pra compensar, a membrana basal desses capilares é bem mais espessa e pode atuar como uma barreira seletiva, que ajuda a selecionar as moléculas que podem ser filtradas.

Já os capilares descontínuos ou sinusoides são os mais permeáveis, afinal de contas eles são, adivinha, descontínuos, têm fenestras abertas, sem diafragma, igual os capilares fenestrados dos glomérulos renais só que bem maiores, e além disso, a membrana basal desses capilares é descontínua, é incompleta, ou seja, tem “buracos” que aumentam ainda mais a permeabilidade desse tipo de capilar.

E mais, as células endoteliais dos capilares sinusoides não ficam completamente grudadas, aderidas umas nas outras, e a gente pode encontrar, entre as células endoteliais, vários espaços, ou melhor, fendas (interendoteliais), maiores até que as fenestras, por onde podem passar proteínas relativamente grandes, como por exemplo a albumina, e até mesmo células, como por exemplo os eritrócitos, mais conhecidos como hemácias, e os leucócitos. Por isso, esse tipo de capilar é encontrado em tecidos que precisam trocar proteínas e células com a circulação sanguínea, como é o caso do fígado e do baço, por exemplo.

Percebam então que os capilares sanguíneos não são iguais em todos os tecidos, na verdade, a estrutura dos capilares pode variar de acordo com a função de cada tecido.

Mas, independente do tipo de capilar, o sangue do capilar segue pras vênulas cuja parede ainda é muito semelhante a parede dos capilares, e por isso ainda podem atuar como “vasos de trocas” embora já sejam consideradas “vasos de capacitância” devido a sua capacidade de armazenar sangue graças a sua maior complacência.

Porém, na parede das vênulas, além do endotélio e da membrana basal, a gente já pode encontrar algumas células musculares lisas que até podem participar do controle do fluxo sanguíneo nos capilares, pois lembre-se que as vênulas são as “portas de saída” da microcirculação. Mas essa participação não é tão relevante quanto a participação das células musculares lisas presentes na parede das arteríolas, que formam uma musculatura lisa bem mais desenvolvida que a musculatura nas vênulas.

-Tá professora, então na microcirculação o sangue sempre passa das arteríolas pros capilares, e dos capilares pras vênulas, certo?

Sempre é uma palavra muito forte.

Na maioria dos tecidos sim, mas em alguns tecidos as arteríolas podem dar origem as metarteríolas, que são vasos semelhantes as arteríolas, mas a sua musculatura lisa que não é continua como é nas arteríolas, na verdade, ela é meio espaçada, e pode se concentrar na entrada dos capilares que se originam a partir das metarteríolas, formando como se fossem anéis de células musculares lisas que a gente chama de esfíncteres pré-capilares.

Diferente da musculatura lisa das arteríolas, a musculatura lisa das metarteríolas não é inervada pelo sistema nervoso autônomo (SNA) simpático, mas pode ser controlada por outros fatores contribuindo pro controle do fluxo sanguíneo nos capilares.

Por exemplo, quando o tecido tá precisando de mais oxigênio e nutrientes, os esfíncteres pré-capilares relaxam e o sangue pode fluir pelos capilares pra aumentar a distribuição de oxigênio e nutrientes nesse tecido. Mas quando o tecido tá com uma baixa atividade, os esfíncteres pré-capilares contraem e o sangue, ao invés de fluir pelos capilares, pode fluir direto pra uma vênula, diminuindo a distribuição de oxigênio e nutrientes nesse tecido.

Por isso, as metarteríolas e os esfíncteres pré-capilares podem ser encontrados principalmente em tecidos que podem ter um grande aumento de atividade, precisando assim de um grande aumento de fluxo sanguíneo, como é o caso dos músculos esqueléticos.

Por exemplo, durante uma atividade física intensa, o fluxo sanguíneo nos músculos aumenta devido ao relaxamento dos esfíncteres pré-capilares. Mas, durante o repouso, a contração desses esfíncteres faz com que o sangue seja meio que desviado dos capilares pras vênulas, diminuindo o fluxo sanguíneo nesse tecido.

Já em outros tipos de tecidos em que o fluxo sanguíneo é usado para outras coisas além da nutrição do tecido, como é o caso da pele que usa o fluxo sanguíneo para regular a temperatura corporal, a gente pode encontrar desvios arteriovenosos, ou melhor, anastomoses arteriovenosas, que são vasos semelhantes as arteríolas, com uma musculatura lisa até mesmo mais desenvolvida, que pode contrair pra fechar o desvio, ou relaxar pra abrir o desvio quando for preciso.

Quando a gente falar sobre a regulação da temperatura corporal a gente pode explicar melhor como funciona esses desvios ou anastomoses arteriovenosas. Nesse momento, o mais importante é você entender que a microcirculação não é igual em todos os tecidos, na verdade, ela tem suas particularidades dependendo da função dos tecidos.

Bom, então resumindo tudo o que a gente viu nesse vídeo lembre-se que:

  • A microcirculação é a circulação sanguínea através dos vasos sanguíneos do sistema microvascular, arteríolas, capilares e vênulas.

  • As arteríolas, são os “vasos de resistência”, e podem controlar o fluxo sanguíneo nos capilares. Os capilares são os “vasos de troca”, e podem ser contínuos, fenestrados ou sinusoides. E as vênulas são os “vasos de capacitância” e podem, assim como as veias, armazenar sangue.

  • Em alguns tecidos específicos, além das arteríolas, capilares e vênulas, a gente pode encontrar metarteríolas e esfíncteres pré-capilares pra controlar ainda mais o fluxo sanguíneos nos capilares, e desvios ou anastomoses arteriovenosas pra controlar por exemplo a temperatura corporal.

Bom espero que esse vídeo tenha te ajudado de alguma forma, e se ele te ajudou não esquece de curtir e compartilhar esse vídeo com aquele seu amigo que também tá precisando estudar esse conteúdo.

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E como sempre qualquer dúvida pode deixar aí nos comentários que a gente tenta responder, beleza?

A gente se vê num próximo vídeo, abraço!

Sobre a autora

Mirian Ayumi Kurauti é apaixonada pela fisiologia humana, com uma trajetória acadêmica admirável. Ela se formou em Biomedicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez mestrado e doutorado em Biologia Funcional e Molecular com ênfase em Fisiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ainda atuou como pesquisadora de pós-doutorado na mesma instituição. Além disso, já lecionou fisiologia humana na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e biologia celular na UEL. A sua última experiência como professora de fisiologia humana foi na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Fundadora da MK Educação Digital Ltda (MK Fisiologia), atualmente, Mirian é a mente criativa por trás de todos os conteúdos publicados nas redes sociais da empresa.

Apaixonada pela docência, Mirian adora dar aulas de fisiologia humana, mas de um jeito mais descontraído e se diverte muito ensinando. Ela está sempre buscando aprender algo novo não só sobre fisiologia, mas sobre qualquer coisa sobre a vida, o universo e tudo mais. Por isso, é uma consumidora compulsiva de conteúdos de divulgadores científicos. Nas horas vagas, você pode encontrá-la na piscina, treinando e participando de competições de natação. Para Mirian, a vida só tem graça, se ela tiver desafios a serem superados. Hoje, o seu maior desafio é ajudar o maior número de estudantes a entender de verdade a fisiologia humana, principalmente através de suas videoaulas publicadas no canal do YouTube MK Fisiologia.

Foto da autora do post Mirian Ayumi Kurauti criadora do MK Fisiologia
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